terça-feira, 13 de dezembro de 2011







Antigos cinemas do Recife

* Por José Calvino de Andrade Lima


Em conversação com a minha amiga Dilma Carrasqueira, sobre os antigos cinemas, concordamos que foi justamente o teatro o que mais contribuiu para a sétima arte, o cinema. Um grande exemplo de teatro em Pernambuco foi o Santa Isabel (1895). Por lá, passaram as companhias itinerantes, a exemplo do Cinematógrafo Herver de Paris (aparelho inventado pelos irmãos Lumière), que já em 1908 fazia sua terceira apresentação no Recife. Exibia fitas cinematográfica da Paixão de Cristo e os flagrantes da Exposição Nacional do Rio de Janeiro (Fonte: “Clã do Açúcar”, Rio de Janeiro, de Lemos Filho, 1960). Para citar os cinemas, começarei pelos do centro do Recife:
O Polytheama, na rua Barão de São Borja, inaugurado em 25 de outubro de 1911 e dirigido pelo escritor Eustórgio Vanderley. Em 1932, passou a pertencer à Empresa Severiano Ribeiro.
O Cine Moderno, na Praça Joaquim Nabuco, inaugurado em 15 de maio de 1913. Em 1934, foi arrendado à Empresa Luiz Severiano Ribeiro.
O Cine Ideal, no Pátio do Terço, bairro de São José, inaugurado em 15 de novembro de 1915 e dirigido pelo Sr. Manoel Ramos. Em 1930, passou a pertencer ao Sr. Álvaro Ferreira Leite.
O Cinema Parque, inaugurado em 24 de novembro de 1921 (Antigo Teatro do Parque), na rua do Hospício, nº 81. Em 1929 foi reformado pela Empresa Severiano Ribeiro, a quem passou a pertencer. Atualmente abriga a Banda da Cidade do Recife e continua promovendo sessões de cinema a preços populares, iniciativa aliás elogiada nacionalmente.
O Cine Glória, na rua Direita, bairro de São José (o mais popular e famoso, pois o seu público era em maioria os freqüentadores do Mercado de São José e da Praça D. Vital). Inaugurado em 4 de setembro de 1926, teve seu edifício tombado em 28/02/1983, pelo Patrimônio Histórico Estadual.
O Art Palácio, na rua da Palma, foi inaugurado em 16 de maio de 1940. O edifício, atualmente abandonado, encerrou suas atividades em 1993.
O Trianon, na Avenida Guararapes, vizinho do prédio abandonado do Art Palácio, é lá onde à noite flagelados dormem atualmente, embaixo da marquise. Inaugurado em 1945, encerrou suas atividades em 1995. Lá foi cogitada a construção de um Shopping vertical.
O São Luiz, na rua da Aurora, foi inaugurado em 1952 no térreo do edifício Duarte Coelho. Até 1958 aproximadamente, era obrigatório o uso de paletó entre os seus espectadores. Em meados da década de 60, aos sábados pela manhã, exibia filmes de alto nível (Cinema de Arte). Estava fechado há quase dois anos depois que o Grupo Severiano Ribeiro decidiu que o espaço seria administrado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. Este ano houve a abertura da IV Janela Internacional de Cinema do Recife (Vide Recinfeliz).
Veneza, na rua do Hospício, foi inaugurado em 1970.
Por fim, lembro também dos cines Ritz e Astor, na Avenida Visconde de Suassuna, inaugurados em meados de 1971. Com o advento da TV, vídeo-cassete e do DVD os cinemas sofreram prejuízos, principalmente os de bairro, que chegaram a fechar suas portas: Boa Vista e Soledade, no bairro Boa Vista; Casa Amarela (mais conhecido por “Cacau” ou Cinema Velho), Rivoli e os novos Coliseu e Albatroz, em Casa Amarela; Guarani, no Alto José do Pinho (Casa Amarela); Diacuí, no Monteiro (Próximo das subidas do Alto do Mandu e Alto Santa Izabel); Luan, em Casa Forte; Espinheirense, na Encruzilhada; Império e Olímpia, em Água Fria; Beberibe, no bairro do mesmo nome; Vera Cruz (ajudei instalar o letreiro verde em Néon- 1956) e Éden, em Campo Grande; Eldorado e Pathe, no Largo da Paz - Afogados; São José, Ideal e Glória, ambos no bairro São José; Real e Torre, na Madalena; Brasil, na Iputinga; Guararapes, em Areias e Santo Amaro, no bairro de mesmo nome.

Obs.:
Fui testemunha ocular da maioria dos cinemas citados. Apenas as datas das inaugurações e proprietários foram trabalhos de pesquisa. Atualmente, sobrevivem salas de projeção de filmes nos Shopping Centers das cidades do Grande Recife.

* Escritor, poeta e teatrólogo

5 comentários:

  1. Um passeio interessante ao passado vendo o desfile dos cinemas e dos seus variados nomes. Hoje eles perderam a identidade, e nem nome possuem. Apenas numeração. Os jovens não devem sentir falta do que não viram, as personalíssimas salas de cinema com seus temas introdutórios, a luz que se apagava e a música que começava. Trouxe-me maravilhosas lembranças, José Calvino.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Mara. Naquele tempo, era muito bom. Os cinemaníacos conversavam sobre os treilers dos filmes. "Pelo treler é bom!"
    Abração do,

    José Calvino
    RecifeOlinda

    ResponderExcluir
  3. Como Cinemaníaco, ainda aos 65 anos, há muito tempo desejava rever o "mundo do cinema" da minha infância e adolescência, particularmente de Casa Amarela, bairro onde nasci e convivi intensamente frequentando os diversas cinemas existentes.
    As trocas de Gibis e Fitas de filmes para o meu Álbum, as famosas séries e o glamour das salas foram momentos inesquecíveis.
    A foto do cinema Rivoli, hoje Banco do Brasil, me fez relembrar momentos felizes que não voltam jamais. Pena que o artigo seja sucinto, carecendo de fotos, características e maiores dados dos cinemas acima listados.
    Daí, pergunto ao amigo, se dispõe de maiores dados sobre o tema em tela.
    Grato
    Rinaldo Ramos

    ResponderExcluir
  4. voces teriam uma foto do antigo cinema colliseu?

    ResponderExcluir
  5. Prezado José Calvino
    Por acaso acessei o seu Blog onde em Jul 2012 postei um comentário sobre os cinemas de Casa Amarela, particularmente o Rivoli.
    Aproveito o espaço para saber se o amigo possui alguma imagem do interior do Rivoli, particularmente da obra de arte postada ao lado da tela (figuras mitológicas).
    O motivo: Estou criando um pequeno espaço para filmes na minha casa e gostaria de fazer um painel com aquele motivo.
    Grato
    Rinaldo

    ResponderExcluir