quinta-feira, 17 de maio de 2018

Como é bom trepar às árvores - Maria Madureira


Como é bom trepar às árvores


* Por Maria Madureira



Parece que fazemos parte da floresta! Estamos no meio da natureza, como os animais, e até nos esquecemos que todas aquelas cordas foram ali postas por humanos. Além disso, é bué ‘adrenalítico’!” Maria Madureira, 11 anos, adora fazer arborismo, tanto pela aventura como pelo contato com a natureza. E são precisamente essas duas características que o tornam tão popular.

Para quem não sabe, o arborismo é uma atividade em que se sobe às árvores e se passa de umas para outras através de estruturas de corda e madeira montadas entre elas. Estamos no Adventure Park, no Complexo Desportivo do Jamor, que fica na Cruz Quebrada (Oeiras), e vamos fazer o Mega Circuito – que é um dos maiores percursos de arborismo da Península Ibérica.

É composto por 44 atividades, divididas em quatro grandes grupos de obstáculos, que acabam sempre com um slide de mais de 200 m. Para podermos subir, temos de ter 1,40 m de altura mínima. No ponto mais alto do circuito estaremos a 14 metros do chão, ou seja, mais ou menos a altura de um prédio de quatro andares!

Nada que atemorize o grupo de aventureiros que acompanhamos. Para além da Maria, estamos com Leonor Gonçalves, 11 anos, e com Simão Nobre, 13 anos, que já é “veterano” nestes voos. É a segunda vez que vai fazer o Mega Circuito. “O medo é bom porque nos protege”, diz. “Sou muito cuidadoso e sei que não vai acontecer nada de mal”, acrescenta. “É tão bom andar lá em cima, que sempre que puder hei de voltar”, garante.

Para Leonor, o Mega Circuito é uma estreia, mas já tem experiência de circuitos mais pequenos. “Fiz duas vezes arborismo no Parque Palmela, em Cascais, quando tinha 8 e dez anos. Nunca tive medo, porque o circuito que eu fiz não é muito alto, nem muito difícil”.

Maria, por sua vez, estreou-se na sua festa de aniversário dos sete anos. “Quando a minha mãe me perguntou se eu queria festejar com os meus amigos num parque assim, eu disse logo que sim. Eu já gostava muito de subir às árvores, sempre que podia...” conta. “Depois disso, também já fiz duas vezes em Cascais, no Parque Palmela, e uma vez na Costa da Caparica, no Fun Parque”.

Antes de começarem, Maria, Leonor e Simão têm de se equipar com o arnês e ouvir com atenção as explicações do monitor Paulo Semedo.

A questão da segurança é fundamental e é preciso aprender como abrir os dois mosquetões que levam presos ao arnês e qual têm de colocar onde quando chegam a uma nova plataforma. A ideia é que nunca podem estar soltos.

SALTOS NA BARRIGA E GRITOS... QUASE NAS NUVENS!

Passada uma hora e meia, depois de muitos desafios superados, os três aventureiros chegam ao fim dos 44 obstáculos. “O que eu mais gostei foi aquela espécie de queda livre, sentir aquele salto na barriga e por um instante pensar que não estou preso a coisa nenhuma”, conta Simão. Para Maria, os slides foram a parte preferida: “É brutal, mas é uma sensação que dura, não acaba logo! E também foi a única vez em que tive um bocadinho de medo! Faz impressão estar tão alto e soltarmo-nos. Mas depois é mesmo bom!” E gritaste por ter medo? “Não, isso foi só por diversão!”

Para Leonor, foi fantástico quando em certos obstáculos parecia que estava sozinha, sem nada a segurá-la, “e poder olhar para as nuvens quase ao nível delas! Também gostei da responsabilidade de ser eu a mudar os mosquetões de um cabo para o outro, da adrenalina de não poder falhar”.

COMO TUDO COMEÇOU

Quem criou o arborismo foram os biólogos, mas não para se divertirem. O objetivo era subirem às árvores e criarem postos de vigia lá no alto para observarem pássaros e outros animais. Depois, como dava jeito passarem de uma árvore para outra sem terem de descer, começaram a montar estruturas feitas de corda e madeira. Às vezes montavam abrigos, uma espécie de túneis de madeira com aberturas, para não serem vistos pelos animais e poderem observá-los mais de perto.

RADICAL MAS EM SEGURANÇA!

Os praticantes estão sempre presos a um cabo de aço que está montado entre as várias árvores, ao longo do percurso. Neste Mega Circuito são os próprios que têm de tirar o mosquetão desse cabo quando terminam um obstáculo e voltar a prendê-lo antes de iniciarem novo desafio. Mas antes de o tirarem e voltarem a pôr, prendem um segundo mosquetão a um outro cabo que está à volta do tronco da árvore, em cada plataforma.



* Jornalista portuguesa


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