sábado, 3 de março de 2018

Jardineiros - Solange Sólon Borges


Jardineiros


* Por Solange Sólon Borges
 

O primeiro ciclo foi necessário à história do amor, pois as espécies a tudo comportavam em seus devaneios. A alma está distante, adormecida, mas nunca teve semelhante desejo. E ela segue aonde ele vai. Enamorados de si mesmos, estão estéreis e é o que os diferencia nessa forma bruta de escultura.

É preciso reinventar o signo e os espectros. Esquecem o alimento humano por vários séculos; depois, atiram-se sobre o mundo e seus contornos, sobre uma forma perdida, mas em sendo raças imperfeitas e extremamente delicadas, refugiam, numa segunda vida a grandiosidade da alma.

Às vezes, é preciso dizer sempre e repetir uma vez mais, pois nem sempre se escuta e as formas cristalinas do amar nunca são iguais.

As asas se abrem sobre as ribanceiras, a cidade, as pedras, o sudário, e adquirem formas paradisíacas, enquanto os anjos dormem nas calçadas de um abismo desconhecido. Ela o segue, pois sempre será preciso.

É a outra metade que ainda incompleta não se basta e o temporal geme dominante.

* Jornalista, dedica-se a diversos gêneros literários. Entre outras atividades, atua em alguns programas “O prefácio”, sobre livros e literatura. Um deles é o programa Comunique-se, levado ao ar pela TV interativa ALL TV (2003/2004). Apresentou, também, “Paisagem Feminina”, pela Rádio Gazeta AM (1999), além de crônicas diárias

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