sábado, 17 de fevereiro de 2018

Fiquei com um colega na festa de 30 anos de formatura - Ruth Barros


Fiquei com um colega na festa de 30 anos de formatura


* Por Ruth Barros



Uma amiga de Anabel contou uma história genial sobre a festa de 30 anos de formatura do colégio dela.  Achei tão divertido que vou manter a primeira pessoa da loura – sim, por que a diaba além de tudo parece que entrou na escola não tem muito mais que 30 anos, é divertida, de bem com a vida e ainda é  loura... "Recebi um convite para uma festa de 30 anos de minha turma. Mesmo sendo em outra cidade quis comparecer, a de 25 anos, que tinha sido a primeira, foi super da hora. Revi zilhões de pessoas que não via há anos, reecontrei minha melhor amiga de colegial e a gente voltou a andar juntas como se tivéssemos nos separado há duas horas e meia, não 25 anos, enfim, legal. E ainda de quebra eu e minha grande amiga, que não éramos exatamente as mais cobiçadas na nossa adolescência, ela hiper CDF e eu baixinha e gordinha, fomos eleitas as mais bonitas da turma de 25 anos depois – e com justiça. Como você vê, Anabel, eu tinha motivos para querer rever os ex-colegas, se não fosse por nada iria exibir meu corpinho despojado de vários dos quilos extras da primeira juventude. Só não imaginei nem em sonhos o que aconteceu na festa de 30 anos de formatura".

A minha loura é legal, mas não sabe ser sucinta. Eu queria saber o que de bom pode rolar em festas de 30 anos de formado, a não ser as inevitáveis recordações e comparações, fulano engordou, a outra está bem, e daí por diante. Mas a loura sabe ser moderna, como pude constatar. "Começamos a beber cedo, era um almoço, e a animação foi subindo. De repente vi um sujeito muito bonito, bacana mesmo, que se destacava entre os outros. Eu não me lembrava dele,  perguntei o nome, conversamos e de repente estávamos nos beijando na frente de todo mundo. Eu, alterada, ainda tinha algum juízo, tanto que a certa altura do campeonato percebi uma aliança na mão esquerda do moço. Ao me dar conta disso ainda perguntei, mas e sua mulher, não pega mal, nós aqui, no meio de todo mundo, etc., ele deu de ombros, afinal, quem era casado era ele, não eu, continuei beijando. Ele propôs esticar a formatura num motel no caminho de volta, me olhou fundo nos olhos, tremi e não topei, apesar da proposta ter sido das melhores".

Aí, confesso que não entendi. Se o cara era tão tudo de bom e ela estava por conta do à-toa, porque dispensou? A loura foi franca: "Fiquei com muita vontade, até porque não estava procurando tempo perdido, nada, só localizei no mapa da memória a ficha inteira do gracinha no dia seguinte, para mim era tudo novo, pintou no momento. Acontece que eu já tinha bebido além da conta e fiquei com medo de apagar, eu me conheço, não antes nem durante, mas depois, e daí ninguém me acorda. Como o moço teria que ir embora para cuidar de seus deveres, isso me inibiu. Mesmo assim o levei em casa, não lembro bem onde, de carro com a amiga de sempre. E agora tô na dúvida se tomo uma atitude, se procuro o telefone e ligo, pois não trocamos os números, se espero a festa de 35 anos ou se não faço nada".

Anabel Serranegra iria adorar ter dilemas na vida similares aos da amiga loura

* Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.



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