quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

A jornada


* Por Thereza Rocque da Motta


Para Antônia Krapp Tavares


Enquanto vivemos à parte nas sombras
existe um moinho que gira constante.
Embora não o vejamos
ele reluz à clareira na praia
com suas pás girando no ar.
Há tantas coisas que existem sem nós
flores e rios
animais que nascem e morrem
sem que saibamos.
Não saber é uma bênção e um desdém.
Não somos necessários ali.
Para que servimos senão para nossa própria vida?
Enquanto o rio desce por suas margens
ele não vê quem o olha
e inconsciente de si e do outro
prossegue sua jornada
como se não existisse.



* Poetisa, advogada e tradutora

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