sábado, 9 de dezembro de 2017

Experiência

* Por Flora Figueiredo

É possível viver um amor em sustenido:
basta que ele seja
mais amante que marido
e que tenha na mulher,
a namorada.
Aquela que ganha a lua
enfeitada
dos brilhos azulados da manhã.
Às vezes fêmea, às vezes fada, quem sabe irmã.
E que deitada
num colchão de encantos,
possa lamber o mel da vida.
Quando saciada,
envolva a beleza de ternuras tantas,
que não falte então mais nada
pra que num espaço mais curto
que o minuto,
possa escrever a estória mais perfeita
que já foi feita sobre o amor absoluto. 

In Calçada de Verão, 1989 

* Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida. 


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