sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Quimérico

* Por Eduardo Oliveira Freire

Helena era fã de uma série de filmes que contava a história de um jovem ancestral vampiro. Mesmo casada os revia sempre.

Um dia, teve um sonho que fazia amor com o imortal. Foi intenso e se sentiu culpada, pois respeitava o  marido. Meses depois, descobriu que estava grávida. A gestação foi diferente de seus outros filhos. Tinha desejo de comer coisa viva e quase matou com os dentes o passarinho, animal de estimação dos filhos. 

Quando o neném nasceu, o desejo passou, mas a criança era estranha com o passar dos anos. Parecia mais esperta que os outros. Além de ter fixação por sangue. 

O marido olhava desconfiado para Helena. O menino era completamente diferente dele e dos irmãos. Já Helena fazia de tudo para provar sua inocência. 

O garoto era muito parecido com o ator dos filmes. Helena nem se lembrava de seu nome. Outro dia, encontrou-o fazendo papel de um pai de família numa série para televisão. Já estava bem coroa. 

O tempo foi passando e o filho mais novo de Helena se apartava ainda mais da família e na escola. Parecia uma assombração. Ela e o esposo o levaram para vários médicos e nenhum conseguiu entender a anemia que ele tinha. 

Um dia, ele falou para Helena: - Mamãe, vou desaparecer.
Ela viu o filho se dissipar no ar. Chorou muito. As autoridades nunca encontraram o menino.

Anos depois…

 Helena assiste na tevê A Rosa Púrpura do Cairo em que o personagem sai da tela do cinema e vai ao encontro de uma espectadora sonhadora. Sente uma identificação com a história. Recordou-se do sonho e de seu filho.


* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/





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