quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O que fazer?


* Por Pedro J. Bondaczuk


O que fazer
se permaneço só
em um mundo volátil?

Vou apreciar o vasto mar?
Vou velejar em águas turvas?
Vou desafiar tempestades?
Vou acorrentar furacões?
O que fazer, se o mar secou?!

O que fazer neste mundo
volátil, de ilusórias imagens?

Vou viajar pelo Rio Grande,
na eólia e encantada galera
do gélido e veloz Minuano?
Vou pastorear, nas coxilhas
infinitas do céu aberto,
tropilhas de estrelas?

O que fazer se o Minuano
cessou, se a noite se diluiu
e se a tropilha de estrelas
se dispersou, em debandada,
nos campos do infinito?

O que fazer neste mundo
volátil, de ilusórias imagens?

Reflito... Mas o momento
presente não é de reflexão,
mas de ação concentrada!
Irrito-me... Mas o momento
presente é de ponderação,
de bondade e de cautela!

Enfim, saio a colher orquídeas,
vermelhas, azuis e amarelas,
no outro lado do tempo,
no reverso deste mundo
volátil, de ilusórias imagens.
E, afinal, me encontrei...

(Poema composto em Campinas, em 27 de maio de 1968).



* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk

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