quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O ganso


* Por Ana Deliberador


Os três amigos, em campanha pela  prefeitura, passavam em todos os sítios e fazendas pedindo votos.

Essa era uma via sacra que se repetia em todas as eleições: água por água, sítio por sítio, casa por casa. Eleitor que não fosse “visitado” ficava ofendido pela desfeita.

Pararam o carro na estrada principal e enveredaram por cerca de quinhentos metros até a casa.

Muito bem recebidos, conversaram com a família, tomaram café e se despediram, não sem antes receber a promessa do voto, dos vários votos.

Fazendo o caminho de volta para o carro escutaram uma barulheira danada vindo por trás: um ganso vinha à toda, como se fora cão de guarda, para atacá-los.

Marinho, o candidato a prefeito, virou-se na sua habitual amabilidade, pedindo ao ganso:
– Calma fio! Calma! – enquanto gesticulava tentando acalmar a ave.

Vendo aquela situação Zezão – apelido indicativo do tamanho – afastou os amigos para o lado:
Não adianta, é animal! Deixa comigo!

Enquanto falava deu um chute de bico no animal. O pobre subiu, deu um salto no ar e caiu duro, estatelado, no chão.

Morto!

O dono do ganso, ao ver sua ave de estimação naquele estado, gritou lá da janela, desesperado:
Seus fio da puuuuuta!

A partir daí passou a ser inimigo, declarado,  dos três.
 
* Professora, pintora e escritora


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