domingo, 10 de setembro de 2017

Barraca do Destino

* Por Pedro J. Bondaczuk

Comprei uma saudade
na barraca do Destino.

Saudade verde,
amarela ou azul?
Saudade sem cor.
Comprei uma saudade
numa loja de penhor.

E, por um suave sonho,
vendi o meu bem-querer.
Sorri para o anjinho
que tinha asas de flor.

E o ouro dos pirilampos,
amalgamado com a prata,
formou-me uma coroa de rosas:
rosas brancas e amarelas.

No casulo fugaz
da minha alegria
afinal renasci.
Mas na tumba cruel
da minha dor,
tornei, de novo, a morrer.

Empenhei todo o meu sonho,
deixei de ser poesia
e, na barraca do Destino,
eu comprei nova saudade.

Saudade colorida
ou incolor?
Saudade-Ilusão!

No crepúsculo alegre
do meu cantar,
afoguei-me em frias ondas,
rolei, de novo, pro mar.

E entre algas coloridas
e musgos de estranha cor,
na barraca do Destino
recordei o primeiro amor
comprando nova saudade!

(Poema composto em São Caetano do Sul, em 10 de fevereiro de 1964).



* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk

Nenhum comentário:

Postar um comentário