Visão
* Por
Murillo Araujo
Tenho
à noite a visão de que a estrelas de ouro
vão
descendo ao meu sonho e vêm dançando em coro.
Sinto-as
numa nevrose...
numa
fascinação... numa alucinação!
– quer
agonie ou goze —
eu
as sinto nevoentas,
lânguidas
e luarentas,
uma
por uma dando o pálido clarão!
Uma
diz: “chamo-me Apoteose!”
Outra
diz: “chamo-me Afeição!”
Outra
é, levíssima, a Confiança,
Outra
— a Lembrança
Outra
— a Ambição...
E
assim tenho a visão de que as estrelas de ouro
Vêm,
dançando, ao meu sonho e vão descendo em coro.
Mas
choro de aflição...
pois
falta estrela que procuro em choro,
falta
a q1ue foi na terra um vulto louro,
falta
a que está nos céus, e acha desdouro
descer
e iluminar-me o coração!...
Carrilhões,
1917
*
Poeta mineiro, ganhador, em 1971, do Prêmio Machado de Assis da
Academia Brasileira de Letras pelo conjunto da sua obra.
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