Primavera
* Por
Guilherme de Almeida
Chegas
tão primavera, que os caminhos
correm
pedindo flores aos teus pés,
e
o amor das asas improvisa ninhos
na
árvore cheia de segredo que és.
E
és também a paisagem toda: açudes
mansos
de sol e azul nos olhos sós;
no
pensamento, rios de inquietudes,
e
perspectivas de canções na voz.
Vais.
E a luz beija a sombra que desfolhas.
Descem
plumas dos céus da tarde.
E
tu, colhendo à boca de uma estrela, molhas
na
água da noite o gesto branco e nu.
Somes.
E do teu rastro despovoado
---
sem flores, ninhos, águas e canções,
nem
sombra, pluma e estrela do passado ---
brotam
florestas e constelações.
*
Jornalista e poeta, eleito, em eleição popular, “Príncipe dos
Poetas Brasileiros”, membro da Academia Brasileira de Letras.
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