quinta-feira, 13 de julho de 2017

Aqua pro nobis


* Por Luís Augusto Cassas


de áries a aquário
em pleno martírio
somos todos peixes
árido santuário
queimando em círios


tudo o que cultivar
o amor e o mar
dirá ao mar: abre-te!
e qual afiado sabre
o amar  se abrirá!


diz-me senhora:
o que te inunda as órbitas
desrepresa os seios
e resseca a flora? 
_ o mar também chora!


da onda da discórdia
darei trégua à mágoa
mas quem blasfemar
contra o reino da água
não terei misericórdia


horas de Urano
lembrai-vos de Sara
fecundou-a  um rio
e irrigou o Saara
de nos infortúnios!


louco stradivarius
tua nota úmida
povoe o relicário:
um aquário sem peixes
não é santuário


In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 270


* Poeta maranhense




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