sexta-feira, 2 de junho de 2017

Os lutadores e os omissos



As dificuldades da vida, como a instabilidade política e econômica, a violência urbana, a disseminação da miséria e problemas familiares e existenciais, levam muitas pessoas a se tornarem "catastrofistas". A maioria assume um renitente e amargo pessimismo e chega a perder contato com a realidade, desconfiando de tudo e de todos.

Certos indivíduos perdem seus referenciais, isolam-se, ficam agressivos e cultivam a solidão. Arraigam-se a um individualismo exacerbado, que descamba para o egoísmo. Agem como se apenas eles tivessem problemas e culpam o mundo por suas dificuldades e vulnerabilidades. Não se dão conta, mas estão fechando todas as portas para a felicidade.

O que tais indivíduos não entendem é que são estes obstáculos e desafios que tornam a vida tão fascinante. O mal existe em toda a parte e sempre existiu. Mas este fato não libera ninguém de fazer a sua parte para tornar o mundo melhor. Quando não mediante obras concretas, pelo menos através do exemplo, da autodisciplina, da visão construtiva e da busca do autoconhecimento, para corrigir, e se possível eliminar, as tendências negativas.

Sir Bertrand Russell, filósofo, matemático e ativista de direitos humanos e das teses pacifistas até sua morte, aos 96 anos, constatou: "Talvez eu tenha acreditado que o caminho para um mundo de homens livres e felizes fosse mais curto do que está demonstrando ser, mas não errei ao pensar que tal mundo é possível e que vale a pena viver, enquanto isso, com a intenção de torná-lo mais próximo".

A realidade atual, tal como se nos apresenta, chega, de fato, a ser assustadora. Guerras civis, ou de outra natureza, sucedem-se, como ocorre na Síria e em outras partes do mundo, tão pobres que sequer merecem a atenção da imprensa internacional com todo o desfile de horrores que trazem no seu caudal..

A miséria afeta a dois terços da humanidade, enquanto o um terço restante vive inútil e perdulariamente, aferrado egoisticamente na acumulação e consumo de muito mais bens e recursos do que suas necessidades, conforme tenho afirmado e reiterado, mas isso parece sensibilizar pouquíssimas pessoas, acostumadas com essa injustiça a ponto de considerá-la “normal”. Claro que não é!!!
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Milhares, milhões de jovens se deixam levar pelo consumo de drogas, pela licenciosidade sexual e pela violência (ostensiva ou disfarçada), como se não tivessem perspectivas de um amanhã. Ainda assim, com tanta coisa negativa que nos cerca, se atentarmos bem, perceberemos que o mundo, em alguns aspectos, evoluiu para melhor.

A Guerra Fria, por exemplo, que por cinco décadas manteve a humanidade na perspectiva de destruição, acabou, embora alguns teimem em tentar “ressuscitá-la”. Não podemos deixar que isso aconteça, a despeito de Trump, de Putin e de vários outros líderes com tendências belicosas à revelia de seus liderados. A medicina desenvolveu técnicas e medicamentos para aliviar o sofrimento de milhões, embora esses avanços estejam ao alcance de poucos.
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Mesmo o Brasil, assolado pelo aumento da insegurança pessoal face ao crescimento da criminalidade e por uma profunda crise política, econômica, social e moral, teve alguns progressos, embora não divulgados pelos meios de comunicação, preocupados em botar mais lenha na fogueira da crise, como se esta fosse uma dádiva divina, o que, óbvio, não é . A economia voltou a crescer, embora com riscos de voltar a andar para trás. A inflação – embora temporariamente – está sob relativo controle, mesmo que às custas de juros exorbitantes, que inibem investimentos.

Perspectivas mais alentadoras abrir-se-ão diante dos brasileiros, se souberem detectar ass oportunidades e se respeitarem o contraditório, abrindo mão da “selvageria” que campeia, sobretudo nas redes sociais. Portanto, ainda que o caminho para o "mundo de homens livres e felizes" com que sonhamos seja mais árduo do que pensamos (e, de fato, é), essa obra é factível e vale a pena viver para enfrentar esse desafio. Ora se vale… Eu estou disposto a enfrentá-lo! E você, amável leitor, que me honra com seu prestígio?


Boa leitura!


O Editor.

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