quinta-feira, 8 de junho de 2017

O Brasil no mapa mundial da violência


* Por Daisy Lucas


Nada é permanente, exceto a mudança” (Heráclito, 540 a. C.)


Eu já tinha lido em jornais a notícia, “Violência no Brasil mata mais que guerra na Síria”, “A cada nove minutos morre uma pessoa assassinada no Brasil”, mas, você sabe… Manchete de jornal não tem tanta credibilidade para mim, infelizmente. Mas quando tomei conhecimento dos detalhes da Nota Técnica do IPEA prestei muita atenção, afinal não era uma manchete, era um Estudo, estatisticamente medido, provado e comprovado.
Inicialmente eu fazia uma leitura atenta e cuidadosa e, sinceramente, não estava me surpreendendo tanto assim. Por quê? Os tópicos eram mais ou menos conhecidos – dados sobre violência de gênero, ou contra afrodescendentes, estatística mostrando que os homicídios ocorrem na maior parte em jovens na faixa produtiva, ou seja, dados que costumam fazer parte do noticiário de todos os dias.
Até que dei de cara com essa afirmativa:
Em 2014, pelo menos 59.627 pessoas sofreram homicídio no Brasil, o que elevou nossa taxa para 29,1 mortes por 100 mil habitantes. Trata-se de uma situação gravíssima, ainda mais quando notamos que mais de 10% dos homicídios do mundo acontecem em solo nacional.
(IPEA) – Atlas da Violência 2016 .
Não. Não é possível, pensei a princípio. Um minuto depois caí na real: a Nota Técnica não era de um “boteco” qualquer, destes que liberam pesquisas cujos resultados são visivelmente manipulados, etc, etc, tratava-se do IPEA, órgão que costuma ser respeitado pela credibilidade, mesmo pelas pessoas que não concordam com suas posições.
Será que as pessoas que detêm o Poder em nosso país não percebem que estes resultados são fruto do descaso dos governantes para com a crise que temos vivido desde sempre? Sim, desde sempre… , porque há muito tempo a Educação é relegada a último plano, e para mim aí está a grande questão. Povo que não tem Educação competente não tem cultura, não sabe que tem deveres, e muito menos que tem direitos.
As mudanças que ocorrem hoje na tecnologia, na Ciência, nas relações sociais, na Economia, são tão radicais e constantes que vale dar uma passadinha lá no ano 540 a. C. e citar Heráclito, quando disse “Nada é permanente, exceto a mudança”. As mudanças estão atropelando o teor das respostas, a crise é uma só, mas com caras diferentes. São até caras meio gêmeas, mas definitivamente não univitelinas.
Pois é, mudam as situações, mas as respostas aos problemas continuam as mesmas – repetidas, equivocadas, suspeitas. Os poderosos não têm coragem (ah, como eu gostaria de ser bem grosseira e dizer outra palavra em vez de “coragem”), não têm a coragem de admitir que as antigas respostas não estão mais funcionando, e tentar novas respostas. Para isso, precisava haver uma profunda reflexão e ousadia.
Não, preferem “deixar tudo como está pra ver como é que fica” e para preservar a si e à sua família, mudam-se (preferencialmente para Miami).
Enquanto isso, vamos por aqui permitindo que os afrodescendentes, os gays, e as mulheres morram. MORRAM, e virem estatísticas a ponto de termos o “honroso” posto no mapa de violência mundial, como 10% dos homicídios do mundo.


* Pedagoga.



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