quarta-feira, 14 de junho de 2017

Levem-me a Lisboa


* Por Leonardo Marona


todo mundo que eu conheço vai a portugal
lugar que imagino como a vagina dentada
por onde escorre a saliva que vira mangue
córrego choroso do meu não deslocamento.

mas os manos de verdade não vão a portugal,
fico eu pensando enquanto morro querendo ir
enquanto me corroo da vontade de me lançar
no mar originário, vagina suprema do escape.

ir seria matar em mim o que me fez falar assim
e me faz suplicar: levem-me também a lisboa!
o que me faz imaginar poetas virgens e baixos
que morrem ou matam com bigodes assassinos.

mas, no sobe-desce de lisboa, encontram-se sob
o sol histórico da camaradagem e da escravidão
amigos SERIE A que partem com seus arpões
poemas que, ao serem lidos, refletem o silêncio
porque poesia, em portugal, é coisa muito séria.



* Escritor.

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