segunda-feira, 24 de abril de 2017

Maria das flores


* Por Carmo Vasconcelos

Doloridas violetas traz nos olhos,
pelos dedos escorrem-lhe martírios, 
e, tal em novena, ardem-lhe quais círios, 
no peito amante, pálidos abrolhos. 

Por que, teimosa, inda cultiva flores;
paisagens coloridas de desejos
que sonha salpicadas de ígneos beijos?...
Se na hora da colheita, colhe dores!

Alimenta-as de amor e rubro sangue,
porém os caules, meros lambareiros,
saciados, deixam-na... sozinha e exangue.

Florista acorrentada à fantasia,
só tem a flor-saudade nos canteiros…
Mas o sonho ainda habita na Maria!




  • Maria do Carmo F. Vasconcelos de Figueiredo é poetisa portuguesa

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