sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Pílulas literárias 247


* Por Eduardo Oliveira Freire


“TIVE UM SONHO”

O homem corria explodindo de felicidade. As pessoas o olhavam esperançosas de uma possível cura. Havia muito tempo, que a humanidade deixara de sonhar sem explicação.

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COMUNHÃO

Está no banho e a lâmpada do banheiro queima. No escuro continua embaixo do chuveiro. O breu, a água e ele, tornam-se um só.

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FLUXO

Duas janelas em seu rosto observam várias janelas da rua através da janela do ônibus. A velocidade do automóvel faz como que elas se tornem diluídas. Ele admira a imensidão de possibilidades que pode percorrer, mas é um ser finito e precisa focar seu caminho, senão ficará perdido por aí.

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ELE SEMPRE VOLTA. ELA SEMPRE PERDOA

Ela pensa, quando seu amor fica de joelhos e encosta a cabeça em seu colo. Ele pensa, quando está de joelhos e recostado em seu colo. Um acredita que exerce poder sobre o outro e vice-versa.

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TROCA

O velho sábio dividia seu conhecimento com os jovens e eles não percebiam que estavam retribuindo com inocência e virilidade. Só assim o ancião conseguia ter esperança de um mundo melhor, mesmo que sua sabedoria mostrasse o quanto era difícil isto acontecer.

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TÁTICA

Ele era o brincalhão da turma. As garotas morriam de rir de suas piadas. Aproveitava que elas estavam enfraquecidas de tanto gargalhar, e as beijava de supetão. Foi o mais namorador da turma.

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PEDIDO

“Me empresta uma lembrança interessante. É que não tenho o que contar. Depois, a devolvo sem nenhum arranhão. Eu juro!” O outro emprestou contrariado: “se não emprestar, vai pegar na marra como fez com as outras”.


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* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


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