terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Já me não pesa tanto o vir da morte

* Por Alexandre Bonafim


Já me não pesa tanto o vir da morte.
Sei já que é nada, que é ficção e sonho,
E que, na roda universal da Sorte,
Não sou aquilo que me aqui suponho.

Sei que há mais mundos que este pouco mundo
Onde parece a nós haver morrer —
Dura terra e fragosa, que há no fundo
Do oceano imenso de viver.

Sei que a morte, que é tudo, não é nada,
E que, de morte em morte, a alma que há
Não cai num poço: vai por uma estrada.
Em Sua hora e a nossa, Deus dirá.


* Poeta, contista, cronista, crítico literário, professor e mestre em Literatura. Autor do livro “Biografia do deserto”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário