sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Doce inferno

* Por Eduardo Oliveira Freire


Minha avó foi uma doceira de mão cheia. Arrumava a mesa de bolos, gelatinas e brigadeiros que ela própria fazia. Meu avô e eu ficávamos horas comendo as guloseimas, enquanto ela ficava a observar satisfeita.  Preferia comer sozinha, para olhar o neto e o marido.

Todo final de semana ia visitá-los. Era muito bom. Mas, com o tempo, descobri que atrás de tanta doçura há o amargo. Meus avós, no final de suas vidas, ficaram com graves problemas de saúde.

O tempo passou. Fiquei diabético, obeso e com problema de coração. Comer dava-me prazer imediato e era isso que almejava sempre.

Morri e tive que ir ao inferno. Mas, não fui para o lugar dantesco, que todos dizem. Voltei à casa dos meus avós. Eles estavam me esperando. Voltei ao meu doce inferno.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


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