quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Não importa

* Por Marcelo Labes


Fazem tudo que podem
para comprar automóveis
e não perder a fila das
seis da tarde.

A baixa do cigarro foi
mais comemorada que o
lançamento de antologias
reeditadas de poetas
mortos por cirrose.

Se é golpe ou não,
quem ainda se lembra
dos desconhecidos enterrados
na vala comum de Perus?

A propósito,
a cinza das horas, naquela canção
de Calcanhoto, é o nome do primeiro
livro de Bandeira, no ano em que
a Rússia fervia,

mas nenhuma relação
entre estes fatos é possível
quando a madrugada
se anuncia novamente território
ocupado

- e os refugiados,
não se sabe onde é que se vão
instalar.

Obs.: Este poema foi publicado, originalmente, sem título. O título acima foi atribuído (aleatoriamente) pelo Editor.

*Marcelo Labes é escritor. Autor de Falações (Edifurb, 2008, poemas) e de Porque sim não é resposta (Edição do Autor, 2014, poema), publica regularmente na sua página, Matematicaligraficamentira, no Facebook e no Blog.


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