quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Antes tarde do que não comprovado


* Por Marcelo Sguassábia


Foram longos e exaustivos anos de pesquisa, mas a ciência finalmente comprovou a relação entre a utilização diária do fio dental e a diminuição do efeito "tchauzinho" nos músculos tríceps, especialmente os femininos.

Conheça um pouco mais sobre o chamado "Efeito Tchauzinho" ou "Teste do Tchauzinho"

Temido pelas mulheres a partir da quarta década de idade, o efeito caracteriza-se pelo excesso de flacidez nos braços, que faz a pelanca balançar em movimento de pêndulo, notadamente quando se faz o gesto de "tchau" a outra pessoa - daí o bem humorado nome. Objeto de investigação por diversos ramos da medicina, pela indústria cosmética, academias de ginástica e clínicas de fisioterapia, o estudo divulgado há cerca de duas semanas pela Universidade de Michigan aponta que o efeito tende a diminuir quanto maior e mais frequente for a limpeza com fio dental na higiene odontológica.

A descoberta, que até o momento não passava de conjectura teórica, agora está documentada laboratorialmente por uma série de ensaios conduzidos por equipes multidisciplinares da referida Universidade. Comprovou-se, com todo o rigor que a moderna metodologia científica exige, que os movimentos de vai-e-vem do fio nos espaços interdentais, por período ininterrupto de 43 ou mais minutos, tem a propriedade de fortalecer os tríceps braquiais e aumentar a massa muscular na região à razão de 0,06% ao dia. Se maior a pressão do fio contra as paredes dentais no processo de limpeza, observa-se um consequente incremento da musculatura desenvolvida, chegando a índices de 0,08% diários, número até o momento inimaginável para os especialistas da área.

Temos aí um círculo virtuoso, com ganhos concomitantes para a saúde, a estética e a autoestima da pessoa, que transforma o que seria uma tarefa mecanicamente enfadonha em espetacular recompensa psicológica, eliminando traumáticos constrangimentos e até fobias sociais. Há registros de casos mais agudos onde o paciente evita qualquer forma de contato ou vínculo pessoal, por antever a eventual necessidade de um "tchauzinho" protocolar, o que poderia arrastá-lo a um quadro depressivo de consequências imprevisíveis. Resultado: fuga sistemática de toda e qualquer ocasião de despedida, ainda que seja remota a possibilidade de acenos.

Outro curioso comportamento detectado pelo estudo é que muitos "sabotam" o teste para enganar a si mesmos, rotacionando apenas as mãos e policiando o natural chacoalhar do braço, para não encarar a sua dura realidade fisiológica. Tamanha é a paranoia de fixar a atenção no braço, para que ele não se mexa, que a pessoa despede-se olhando para os próprios tríceps, e não para quem está indo embora.

Dois professores ligados ao MIT - Massachusetts Institute of Technology, criticaram duramente a utilidade da pesquisa e os milhões de dólares gastos na sua subvenção, argumentando que a simples escovação de dentes traria benefícios idênticos, e que a humanidade pouco tem a ganhar com a descoberta. Esta tese é contestada pela Ordem dos Cirurgiões Dentistas de Cascais, que vê na escovação uma eficácia discutível e não padronizada para o enrijecimento do músculo do braço, pela variação da consistência das cerdas.


* Marcelo Sguassábia é redator publicitário. Blogs: WWW.consoantesreticentes.blogspot.com (Crônicas e Contos) e WWW.letraeme.blogspot.com (portfólio).



Um comentário:

  1. Há tempos discute-se a influência do arroto do camarão na navegação marítima.

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