terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Dilema decisivo para nossa geração



A atual geração da humanidade vive, nesta segunda década do século XXI do terceiro milênio da Era Cristã, um dilema decisivo, como nenhuma outra que a antecedeu jamais viveu. Se nenhum cataclismo cósmico se abater sobre a Terra, está, exclusivamente, em suas mãos, na clarividência e sabedoria das decisões que seus líderes tomarem, um desses dois caminhos para o ser humano: uma vida maravilhosa, de justiça e paz, facilitada por feitos extraordinários da ciência e da tecnologia, de duração ilimitada e quase eterna, ou a extinção da espécie, sem que reste um único homem para reiniciar do zero nossa experiência no Planeta. Exagero meu? Longe disso! Antes fosse. A quem achar que estou exagerando, recomendo a leitura de matéria publicada na edição deste 19 de janeiro de 2016 no jornal “O Globo”, sobre recente palestra proferida pelo físico inglês Stephen Hawking, em Londres, a convite da rede BBC.

O tema da preleção não foi, propriamente, o dilema referente ao destino da humanidade. Foi o assunto que é uma das especialidades desse reconhecido gênio da atualidade: os buracos negros. Todavia, à certa altura da palestra, em resposta a uma pergunta formulada por alguém da platéia, conforme a matéria de “O Globo”, Stephen Hawking advertiu: “É quase certo que a humanidade não terá outra saída senão abandonar a Terra e colonizar outro planeta se quiser sobreviver”. Ao contrário do que possa parecer, o físico mostrou-se não pessimista e nem catastrofista, mas sumamente otimista. Estranharam? O “quase” de certeza que ele colocou em sua resposta quer dizer que o homem ainda “pode” evitar sua extinção, caso adote providências inteligentes, adequadas e urgentes. Outra manifestação de seu otimismo é o prazo que ele impôs para que o dilema seja resolvido: entre mil e dez mil anos.

Eu, todavia, não sou tão otimismo. Até concordo que o fim da nossa espécie pode ser evitado – e isso se não ocorrer nenhuma catástrofe cósmica, como a colisão com um asteróide ou cometa, os “humores” do nosso Sol e outros tantos perigos externos – mas desde que se aja já, se possível hoje mesmo, para corrigir tudo o que se vem fazendo de errado. E quais são esses perigos iminentes, criados pelo próprio ser humano? São aqueles que toda pessoa bem informada conhece de sobejo, mas que não mexe uma única palha no sentido de urgentíssima correção: o galopante aquecimento global, uma guerra nuclear e os vírus desenvolvidos pela engenharia genética que, se iniciarem uma pandemia mundial, tendem a nos destruir a todos. O cientista enfatizou que o progresso na ciência e na tecnologia criou, e ainda tende a criar muito mais, “novas formas das coisas darem errado”.

Stephen Hawking não foi o único homem de ciência a fazer esse tipo de alerta. Há décadas, o eminente biólogo e escritor Isaac Asimov publicou um livro, com o sugestivo título de “Escolha a catástrofe” – que comentei detalhadamente neste espaço – citando nove situações, internas e externas, que se ocorrerem acabarão com a vida na Terra. Ele igualmente foi otimista, dando a entender que confiava na capacidade do homem de se proteger e salvaguardar a sobrevivência da espécie. Mas apontou, muito antes do físico inglês, o mesmo dilema. Ou seja, que o destino da espécie (salvo algum cataclismo cósmico, sempre possível, reitero mais uma vez) está, ainda, em mãos humanas. Mas... Até quando?

Hawking fez a seguinte ponderação: “Apesar de a possibilidade de um desastre no planeta Terra, em um determinado ano, poder ser bem baixa, isto vai se acumulando com o tempo, e se transforma em quase uma certeza para os próximos mil ou dez mil anos. Até lá já deveremos ter nos espalhado pelo espaço e para outras estrelas. Então um desastre na Terra não significaria o fim da espécie humana”. Será que não?! O próprio físico admitiu: “Não vamos conseguir estabelecer colônias autossustentáveis no espaço nos próximos séculos. Então temos que ser muito cuidadosos neste período”. Mas estamos sendo? Há o mínimo de prudência em relação ao meio ambiente? O que está sendo feito para deter o galopante aquecimento global? A resposta é fácil, objetiva e direta: Nada! Absolutamente nada!

Segue-se poluindo o ar e a água, como se o homem pudesse escapar impune dessa sua burrice. Florestas e mais florestas desaparecem, da noite para o dia, muitas vezes apenas para criar pastos ou nem mesmo isso. O pior é que muita gente rica e poderosa acha isso normal e defende que nada vai acontecer de ruim. Grandes lobbies nos Estados Unidos e na Europa garantem, com olímpico cinismo, que o aquecimento global só existe na cabeça dos catastrofistas. E como são os que detêm o poder, ninguém toma nenhuma providência. Acha-se normal poluir ó ar e a água, cansar a terra com práticas inadequadas de agricultura, devastar as florestas ainda remanescentes e cometer tantas e tantas e tantas outras, e estúpidas, agressões à natureza.

Stephen Hawking não se opõe, óbvio, às miraculosas façanhas da tecnologia. Disse, à certa altura, na resposta dada à pergunta feita por um ouvinte da platéia: “Não vamos parar de progredir, ou reverter o progresso. Então temos que reconhecer o perigo e controlá-lo. Sou otimista e acredito que conseguiremos”. Insisto, todavia, que meu otimismo não chega a tanto. Aliás, não tenho nenhum. Estou, isto sim, apavorado com a indiferença dos que deveriam tomar providências para eliminar esses riscos, cuja eliminação depende, ainda, do homem, mas que não movem uma única palha. Numa coisa concordo, sem a mínima restrição, com o que esse gênio do século XXI disse em sua palestra. É com esta afirmação: “Do meu ponto de vista, tem sido uma época gloriosa para estar vivo e pesquisando na área de física teórica. Não há nada como aquele momento Eureka, da descoberta de algo que ninguém sabia antes”. Em termos de ciência, não há o que contestar. Vivemos, de fato, nesse aspecto, “uma época gloriosa”!!! Mas no que se refere à prudência... Nunca o homem mereceu tanto a designação, cunhada por Edgar Morin, de “homo demens” substituindo a designação da espécie de “homo sapiens”, como agora.

Boa leitura.

O Editor.

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