terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Se precisá, me chama!


* Por Ana Deliberador


A viagem foi longa, penosa, apesar da boa montaria.

Zé Corrêa, enquanto aguardava o início dos trabalhos seguia pensando  no quão difícil era a vida no sertão. Mas o quanto amava aquele sertão!

Naquele dia viera servir o juiz de São Jerônimo da Serra. Era jurado, não podia faltar!

O julgamento era de um pobre homem que tinha matado a mando do patrão. O patrão estava solto e ele preso.

Enquanto rolava o julgamento, Zé Corrêa, condoído das condições miseráveis de vida daquele infeliz, pensava: “meu Deus, quem devia estar preso é o mandante e não esse coitado!”.

Também pensando como ele, os outros jurados votaram pela absolvição.

E o homem foi solto.

Cumpridas todas  as formalidades, Zé Corrêa arrumava o arreio do cavalo para iniciar a viagem de volta quando o feliz ex-detento chegou perto para agradecer.

– Muito brigado, viu? Se você precisá  de um servicinho pode me chamá que eu num vô cobrá nada, tá?

* Professora, pintora e escritora




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