quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Estamos preparados?


* Por Fabiana Bórgia


Não acho a vida louca, acho-a pouca. Acho que porque tenho 40. E isso mexe com a mulher. Nos últimos meses, lidei muito com "não sei". Fiquei entre razão e emoção. Tentei ser racional, fria e calculista. Tentei observar o que tinham de irracional os outros. Tentei achar a razão da razão. E continuei no "não sei".

Mas aí parei. E me perguntei a resposta. Sim, sim. Emoção. A felicidade nem sempre tem razão. E a vida é pouca, passa.

Será que é ilusão? Família, filhos, paixão. Não, não. Ilusão é achar que muito do que vivi e concretizei foi tempo perdido. Eu não quero perder esse tempo. Eu não tenho tempo.

Não, não. A felicidade vem de dentro pra fora. Nada do que está a minha volta influencia nela. Mas quando me sinto infeliz (fujo desse sentimento, por falta de tempo), as coisas a minha volta também não me ajudam a mudar, ficam tristes. Então, as mesmas coisas ficam lindas e animadas quando me sinto feliz.

É de dentro mesmo. Você tem razão. Sentir amor por si mesma, você me diz. Todas as coisas que meus amigos dizem me levam a uma egotripe, e eu me achei feliz comigo mesma porque não tenho vergonha de ser o que sou. Porque como sou, fui amada, desprezada, amei, magoei, traí e fui traída. Fui igual a qualquer pessoa, igual a quem acha que se ama mais.

Viver como se é, saber amar e deixar ser amado. Tirar o time se preciso, voltar pro campo, batalhar, aceitar a derrota, vencer. Mas acima de tudo, entendendo que todos somos errantes, e se não tentar não vai saber se ía acertar. Então, tirei a conclusão: se me faz feliz, eu quero. Dane-se quem não quer desse jeito. Eu quero o que me faz bem.

Não digo não, só porque é o que esperam. Preciso de felicidade, comigo. E ninguém controla isso. Só eu. Com meu amor por mim, com meu poder de dizer sim ou não. Mas o melhor do ‘sim’ é quando sabemos que o que vem depois pode te trazer dor, e saber que se dissesse ‘não’, a dor também viria. Mas com o não, seria tentar não senti-la. E nada adiantaria.

Só aceito sins e nãos que me contrariam quando vem do outro. Porque se me trouxer dor, vai passar. E o outro eu não posso controlar. Mas eu?

Eu quero é o que me faz bem aqui dentro. E isso é na hora, é agora, não dá pra ficar adivinhando o futuro. Se me faz bem agora, quero. Se amanhã, fizer mal, não me arrependo. A vida é curta. Curta a sua. Eu curto a minha.

•      Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”



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