sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Talento


* Por Rodrigo Ramazzini


Estava dormindo no sofá de casa, após tomar “todas” no almoço, quando a minha esposa chamou-me:

- Rodrigo! Vai tomar teu banho de uma vez...

Era domingo. Iríamos ao aniversário de três anos do filho de um amigo. Levantei-me “vendendo” preguiça, fui ao quarto buscar uma roupa e entrei no banheiro. Tomei calmamente o meu banho, vesti-me e então, fui realizar a tarefa mais difícil: pentear o topete.
    
Já arrumado, tive que esperar a minha esposa terminar de se aprontar. Mas reclamei:
- Pô! Vamos lá! O que? Ainda não está pronta? Mas tu começaste a se arrumar antes de mim... Putz! A cerveja vai esquentar...
Ela respondeu:
- *#@##&*%@&!!!

Passado este episódio, meia-hora depois ela estava pronta. Viu quem manda aqui em casa? Entrei no carro para finalmente rumar para a festa, liguei-o e uma luz de alerta acendeu: gasolina na reserva. A minha esposa fora a última a sair com o carro, mas sabe como é, mulher nunca dá muita bola para esses “detalhes”.

Indignado, passei no posto de gasolina e abasteci R$: 3,00 em moeda de gasolina comum. Agora sim, estava pronto para finalmente dirigir-me para o aniversário.      Chego ao local da festa, e logo escuto a voz da animadora de criança (qe sempre tem em festas do gênero para dar uma folga aos pais), que ecoava da caixa de som:
- Vamú lá criançada! No três... Um... dois... Três!

Elegantemente, pego o braço da minha esposa, e vamos entrando no grande salão onde se realiza a festa. Os pais da criança recepcionam os convidados na entrada. A equipe de filmagem não perde uma imagem. Caminho lentamente por um tapete vermelho, cercado de balões. Exatamente no momento que ingresso no interior do salão, a tal animadora de criança, coincidentemente anuncia:
- E com vocês... E com você: o palhaço Chicle!

Então, surge um palhaço de dentro de uma grande caixa de papelão que estava no chão no centro do salão. O grupo, de aproximadamente 20 crianças, que brincava com a animadora, fica paralisado, observando. Quietos, não esboçam reação, nem um sorrisinho sequer. O palhaço ainda tenta animá-los, falando e fazendo algumas gracinhas, mas nada. Eu, parado, apenas observava a cena. Foi então que uma das crianças olhou-me, largou uma enorme gargalhada e correu em minha direção, abraçando-me. O restante da criançada acompanhou, alegremente, gritando:
- O palhaço! Ali...Olha o palhaço! Que legal, um Palhaço!

Moral da estória fictícia: não lute contra os seus talentos naturais... Observe-se mais!


 * Jornalista e contista gaúcho

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