quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Da partida


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


E então, num belo dia, sem ao menos avisar, eis que parte um ente querido. Uns partem na disciplina e outros na afobação.

Partem com a bagagem cheia. Vão na mala muita gargalhada, alegrias e sonhos planejados com vagar... E então o tempo, que nem malandro devedor, dá uma rasteira em todo mundo, encerra a sorte, libera a dor.

E choramos, choramos até o dia clarear, trazendo, como se nada tivesse acontecido, o sol, a cantoria da vizinha que nem se dá conta dos meus olhos inchados.

O mundo segue, a Lua vem e vai. O vento sacode a cortina e tomo coragem. Sigo também, com o coração pleno de uma saudade que não sangra, mas me alerta e me acolhe na fragilidade de que nada sou se a memória for reduzida a menos que um borrão de ti.

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


Um comentário:

  1. Uma bela despedida, com destaque para a cantoria da vizinha. Imaginando aqui que quem partiu possa ser o seu pai, Núbia (me acolhe na fragilidade de que nada sou se a memória for reduzida a menos que um borrão de ti).

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