sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Bicho-amor


* Por Carmo Vasconcelos


Há uma dor perfurante no meu peito,
urze que fere mas não deita sangue,
verme oculto o bebe e me deixa exangue,
ao nutrir-se de insônias no meu leito.

Bicho-amor, insistente na porfia,
mói-me as entranhas quando desatina,
meus nervos dana, minhas forças mina,
e ao mesmo tempo é bem que acaricia.

Tento acalmá-lo com a voz de quem
de longe rasga versos escarlates,
mimos d’enlace em rendas de açafates...
Mas pede mais... Voraz, não se contém!

Devora-me alma e sangue e não fraqueja,
na gula desse par-amor que almeja!


* Poetisa portuguesa

Nenhum comentário:

Postar um comentário