sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Diário da dieta


* Por Rodrigo Ramazzini


Verão. Terça-feira. 08h20min. Visita à nutricionista Kátia.


- Bom, seu Humberto! Aqui está em detalhes. Faremos uma reeducação alimentar, ou melhor, uma dieta, aliada à prática da caminhada, já que o seu médico liberou. Deste modo, com certeza, o senhor reduzirá, dos seus atuais 94 quilos 250 gramas, algo em torno de três a quatro quilos. Sendo assim, atingiremos o objetivo desejado. Portanto, entrar em forma e perder a sua “barriga de cerveja” não será nada impossível ainda para esse verão...
- Certo!
- Faça a alimentação indicada corretamente e volte daqui a uma semana para a primeira avaliação dos resultados.

Diário da dieta do Humberto

Quarta-feira: primeiro dia da dieta, ou melhor, da minha reeducação alimentar. Pela manhã, tomei um café com frutas. Comi até melão. Odeio melão! No almoço, como me fora indicado, ingeri poucos carboidratos. Uma pequena porção de arroz, um pedaço de frango grelhado e inúmeras saladas. E ainda há pessoas que gostam de rúcula! Caminhei 30 minutos. Já é um começo, tendo em vista que quase “enfartei”.

Quinta-feira: apesar da constante fome, segui à risca o que a nutricionista prescreveu: caminhada de 33 minutos. Sinto que estou evoluindo, embora ao olhar-me no espelho não se note diminuição alguma na circunferência da barriga.

Sexta-feira: acordei com uma fome infernal. Pela manhã, contemplei-me novamente no espelho. Não verifiquei redução alguma. Já faz três dias que me alimento conforme a nutricionista. Acho que esse esforço não será recompensado, mas não desistirei. À noite, quebrei um pouquinho a dieta. Pensei: se eu caminhasse perderia uma determinada quantidade de calorias. Como joguei futebol com os amigos, perdi um número bem maior, tendo em vista o superior grau de esforço. Por isso, liberei-me para ficar no churrasco após o jogo. Com certeza não trará grandes danos à minha dieta.

Sábado: acordei às sete da manhã, apesar de ainda estar um pouco tonto devido ao excesso de ingestão de cerveja no dia anterior. Despertei enjoado e com uma sensação de “peso” no estômago. Durante o dia, comi tudo conforme fora indicado na dieta. Não caminhei, pois calculei que o perder calorias caminhando ou cortando a grama, atividade realizada, seriam as mesmas. À noite (a consciência está pesada por causa disso), saí da dieta novamente. Era aniversário da minha afilhada, em uma pizzaria, e confesso, passei-me. Dos 24 sabores de pizza disponíveis, comi 23. Apenas não ingeri o palmito, que, diga-se de passagem, consta na dieta.

Domingo: visita dos meus parentes de Arroio dos Ratos para o almoço. Obriguei-me a fazer um churrasco caprichado e, “infelizmente”, acompanhá-los na cerveja. Comi as sobremesas também. O café da tarde fora servido repleto de iguarias. À noite, como já havia “quebrado” a dieta mesmo, alimentei-me da “sobra” de churrasco do almoço.

Segunda-feira: final da tarde. Estou com uma fome insuportável. Não “devorei” nada o dia inteiro. Preparo-me para ir à nutricionista amanhã. Ela me xingará, obviamente. Caminhada de 1 hora e 33 minutos.

Terça-feira, no retorno à nutricionista:
- Bom vê-lo seu Humberto! Como vai? Já se sente melhor?
- É...
- Vamos à balança... Deixe me ver... 94 quilos 150 gramas... Você emagreceu apenas 100 gramas, seu Humberto. Mas como? Fez tudo como lhe prescrevi? Seguiu à risca? Inclusive no final de semana?
- Claro, Doutora Kátia! Segui tudo, nos mínimos detalhes...


* Jornalista e contista gaúcho  

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