sábado, 27 de junho de 2015

Sabrina, a quase pudica


* Por Aliene Coutinho


Sabe aquelas pessoas cheias de teorias, que falam com propriedade de tudo, e que nos matam de rir? Sabrina é assim. Lembro de um episódio – entre tantos outros – que estávamos num velório, e bem na hora que o caixão ia ser enterrado, ela com lágrimas nos olhos soltou uma de suas frases feitas: “Por isso não gosto de flores. Nem todas têm a mesma sorte, umas enfeitam a vida, outras a morte!”.

Figuraça a Sabrina. Está sempre alegre, cheia de namorados e affairs, e ao mesmo tempo religiosíssima, vive na igreja, reza, faz promessa, dá conselhos, pede benções e distribui santinhos, tipo Santa Edwirges, Santo Expedito e conta dos milagres que já alcançou tamanha a fé que tem.  E quando o assunto é homem, lá vem ela com todos os conceitos e experiência... “De homem a gente não pode esperar nada, é usar e jogar fora”. Logo ela que ganha roupas, sapatos, e viagens, como não esperar nada? Ela sempre tem uma justificativa para a generosidade masculina.

A última dela foi a revelação que usava perfume do boto fêmea, a “bôta”, como ela chama a mulher do golfinho da região amazônica. Segundo Sabrina, os pescadores pescam a “bôta”, tiram um pedaço da genitália do animal e fazem um perfume que a mulher deve usar nas partes íntimas. Os homens sentem o cheiro e ficam loucos. E Sabrina fala com tamanha convicção que qualquer um acredita que o tal perfume vai mesmo dar certo. “Gente, quando vou para o trabalho com o perfume, os homens me devoram com os olhos”, diz Sabrina, que sempre está de minissaia, salto alto  e decotes que revelam seus fartos seios.

Por essas e outras é sempre o centro das atenções nas reuniões da mulherada, sem pudor e até com uma certa inocência – Sabrina não vê maldade em nada – conta das aventuras amorosas, de que agora está tomando juízo e só namora um de cada vez, explica como funcionam os equipamentos eróticos indispensáveis a qualquer relação, e sobre quais as posições sexuais mais prazerosas...Sabrina é quase um kama sutra ambulante. Goza a vida em todos os sentidos da palavra e sempre termina as conversas  com um conselho: “Meninas, fiquem ligadas. Minha avó já dizia que devemos tirar tudo dos homens, porque se eles não gastarem com você, vão gastar com outras, e tem mais: eles largam você na hora que acharem uma bunda maior que a sua”.

Essa é a Sabrina.    

* Jornalista, professora de Telejornalismo.
    

Um comentário:

  1. Sabrina a personagem imprevisível, contraditória e por isso mesmo inesquecível.

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