quarta-feira, 24 de junho de 2015

Da criação


* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral


Nascemos pela misericórdia de um ato  de amor ou na maioria das vezes da casualidade  onde nos tornamos "acidentes". Crescemos na medida e atenção de um  olhar mais generoso, cheio de cumplicidade ou simplesmente atirados ao léu, nos espalhamos  que nem hera.

Driblamos os reveses de uma adolescência complicada que nos atordoa, mas que diante de uma mão atenciosa nos permite a preciosidade de um colo. Ou nos jogamos na vida e confusos aviltamos nosso corpo, ávido de experiências, com abuso de drogas e promiscuidade.

Adultos nos relacionamos atentos, íntegros, nos envolvemos em nome de sentimentos nobres consolidando através de laços fortes uma  família ou nos aninhamos feito bichos que com garras afiadas consomem a melhor parte da refeição deixando os restos para a cria que se arrasta sobre seu próprio corpo, mas que busca através do olhar choroso, do desespero, o amparo daquele que ruge e rumina e que às vezes se permite chamar pelo nome de pai ou  de mãe...

Conscientes ou não, responsáveis ou não, a todos nós foi dada uma escolha, uma chance de ultrapassar através de uma fome que sustenta a nossa essência, as interrogações que ou confrontamos ou aninhamos em nome da covardia e da comodidade de quem não ousa levantar sequer os olhos para enxergar além de si mesmo.

 * Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário


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