quarta-feira, 24 de junho de 2015

Morreu mais um no morro

* Por Assionara Souza


A paz é triste
Atônita surdez
depois do estrondo

Com passos curtos e cambaios
A mãe recolhe do varal
A roupa que o menino
Não vai mais vestir

Céu azul de abril
Guardava desde sempre
O fatídico encontro
Entre a cabeça e o projétil

Tivesse ela lembrado
(refaz mil vezes o instante antes
em que ele era só um menino
vivo entre os outros meninos vivos)
Chamava: Eduardo, entra! Tem polícia no morro!

Não morra, menino
Nem seja a masmorra seu destino


* Escritora

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