domingo, 18 de janeiro de 2015

A ideia nova


* Por Valentim Magalhães

A Barros Cassal.

Abisma o teu olhar no azul do firmamento;
Devassa o velho Olimpo e o velho céu cristão:
À serena altivez do seu deslumbramento
A indagadora vista elevarás em vão!
Está deserto o céu! No grande isolamento
Palpita, ensangüentado, o sol - um coração.
Mas os deuses de Homero, o Jeová sangrento,
Alá e Jesus Cristo, os deuses onde estão?
Morreram. Era tempo. Agora encara a terra:
Ressoa alegre a forja e sai da escola um hino.
O Gênio enterra o Mal em uma negra cova.
Deus habita a consciência. O coração descerra
Aos ósculos do Bem o cálix purpurino.
Vem perto a Liberdade.
É isto a Idéia Nova.

S. Paulo, abril - 1879,

(Rimário, 1900.)


* Jornalista e escritor, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras

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