quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Brinquedo


*Por Assionara Souza

Vamos. Dance. Pode dançar (voz da Elis Regina cantando Me deixas louca) Isso. Dance. Como um deus silencioso. Sobre os meus pensamentos. Toque os seus — mimosos? — não, eu não queria usar mimosos.

Agora me lembrou Iracema. Voz da Elis de novo: "Me lembrou — troca Carlitos por Iracema, forçando a métrica. Voltemos, como se nada tivesse acontecido. Como se você nem eu — esta segunda pessoa do plural que somos nós estivéssemos, ainda, pensando em Elis.

Toque os seus… delicados? — putz, "delicados" inflaciona. — volta o graciosos? Será? Não. Pior. Toque seus imaculados pés no rés do chão de meus pensamentos. Venha. Dance. Mas não cante. Quero antes o silêncio.

Seria bom se você chovesse. Seria bom se ouvíssemos uma valsa. Ou mesmo um fado. Dance. Deslize adorável — sobre a cor do cavalo branco de Napoleão.

"Qual é?"
— Branco?
— Errou. De Napoleão, seria a resposta.

E fui eu que inventei a brincadeira. Logo, sou eu que instituo as regras. Imponho as regras. Empunho a bandeira desse país chamado… 1, 2, 3... Já: "Você é o comandante de um navio. Nesse navio há 40 escotilhas. Através de cada escotilha, podem-se ver 2 mesas, sobre as quais se encontram bem estendidas finas toalhas bordadas. Em cima delas, 1 vaso dentro de cada qual ajeita-se 1 ramalhete. Formam-se estes de 12 flores bem amarradas, cujas pétalas soma para cada exemplar 6 unidades. Sobrevoando 5 flores de cada vaso, asambulam 12 moscas. Atenção, agora: Quem é o comandante desse navio?"
— O cavalo branco de Napoleão!
— Você acertou! Isso não é genial?! Você é o máximo, cara. Mas só porque a brincadeira é minha. Puxa! Estou emocionado. Vamos! Suba aqui no traseiro do meu cavalo e vamos achar algum lugar para comemorar!

 * Escritora


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