terça-feira, 30 de setembro de 2014

Princesa Clarice

* Por Eduardo Oliveira Freire

“Escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal. Tal faço eu, à medida que me vai lembrando e convindo à construção ou reconstrução de mim mesmo.”
―Machado de Assis

Quando vi Serafim através da janela do salão, resolvi ceder às investidas do mestre cavaleiro. Queria a liberdade e não uma imagem de virtude.

Ninguém sabe o caos que cresce dentro de mim. Em sonhos vejo-me uma grande-felina-alada e, quando acordei, estava com passarinho na boca. O sangue da frágil criatura escorrendo em meu rosto deixava-me viva.

Ser guardiã do cristal do poder eterno é um fardo, que não quero mais carregar. Pronto, Serafim foi embora decepcionado. Agora, estou liberta da imagem santificada que me irrita tanto.

Quando vier a madrugada, o mestre dos cavaleiros me levará para caçar. Estou tão ansiosa. Sinto que sempre fui uma caçadora. Mas não é um desejo frívolo. É uma fome que ultrapassa minha alma.

* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/



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