quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Gênio da Literatura

O nome de Isaac Asimov invariavelmente vem à baila, sempre que se trata da abordagem de autores de ficção científica. Pudera! O tanto de obras que ele nos legou, quer em quantidade (absurdamente alta), quer (e principalmente) em qualidade, é assombroso. Não sei se alguém, em qualquer tempo, se igualou a ele, principalmente no que se refere à produção de histórias de qualquer natureza. Só pode ser caracterizado de uma forma: gênio. Acham que exagero? Acompanhem meu raciocínio. Para que o leitor tenha uma idéia a propósito dessa figura, informo que esse descendente de judeus, nascido na cidade de Petrovich, da atual Bielorrússia – mas naturalizado norte-americano – colocou, como objetivo (mais do que isso, como desafio) pessoal, escrever 500 livros. “Muita pretensão!”, poderá pensar o leitor mais cético. Nem tanto!

Asimov atingiu e não atingiu essa meta, dependendo do ponto de vista de quem a avalie. Mas como?! Bem, oficialmente, escreveu (e publicou) 463 livros. Todavia, se considerarmos os que foram publicados em caráter póstumo, após sua morte, reunindo contos e novelas inéditos, sua bibliografia, na verdade, ascende a incríveis 509 publicações! Vá gostar de escrever assim lá no....!!! Deixa pra lá! Quanto à qualidade, esta é inquestionável. Basta informar que, ao lado de Arthur C. Clarcke e Robert A. Heinlein, ele é considerado um dos três inquestionáveis mestres da ficção científica. E isso no aspecto qualitativo. Quanto à quantidade de livros escritos, seus dois companheiros de gênero estão anos-luz de distância da sua produção.

Já escrevi em pelo menos três oportunidades sobre Isaac Asimov, em diferentes contextos. Parece muito, não é verdade? Pois é quantidade ínfima se considerarmos sua importância literária. Se a consideração for a de sua personalidade, certamente daria para escrever o equivalente a uma biblioteca inteira de bom porte e faltariam ainda aspectos a abordar. Imaginem se eu pudesse ter o privilégio de ler todos seus 509 livros e escrever um reles comentário sobre cada um deles, como faço com tantos escritores (já abordei cerca de 300 deles)! Passaria anos escrevendo e não chegaria sequer próximo de esgotar o assunto. Fosse mais jovem (e teimoso como sou), é bem capaz que eu tentasse enfrentar tamanho desafio. Mas... Infelizmente, só consegui adquirir (e ler) cinco livros de Asimov. Que pena!!!

Bem, tentando ser pelo menos um tantinho objetivo ao tratar desse gênio das letras (e que qualificativo, se não este, se pode dar a quem escreveu tanto e tão bem?!) informo que não escreveu livros apenas de ficção e, sobretudo, a científica. Um detalhe que muitos esquecem (e que a maioria desconhece), é que nosso personagem de hoje foi brilhante cientista, respeitado bioquímico e, se não me falha a memória, chegou a ser cogitado, até, ao Prêmio Nobel. Como boa parte dos autores desse gênero, ainda mal compreendido pelos amantes de Literatura, Asimov também foi uma espécie de “profeta”. Fez previsões sobre o futuro que, ou já se confirmaram, ou estão em vias de confirmação.

Leio na Wikipédia que, em 1964, ele aceitou uma proposta do jornal “The New York Times” e fez uma série de projeções de como acreditava que o mundo seria cinquenta anos depois (ou seja, neste 2014). Previu, por exemplo, a presença de fornos de microondas em nossas cozinhas. Imaginou o desenvolvimento das fibras óticas. Anteviu as televisões de tela plana. Apostou que em meio século, seriam desenvolvidos microchips e haveria uma rede mundial de computadores (ou seja, antecipou a criação da internet). Foi ao extremo de prever comportamentos das pessoas nesta segunda década do século XXI, como os tantos e tantos casos de depressão que, infelizmente, vem se tornando cada vez mais comuns. E tudo isso existe e está aí ao nosso dispor, para qualquer um ver e utilizar.

É verdade que não acertou todas suas previsões. Uma, das que errou, foi a de que neste 2014, teríamos, em nossas cidades, carros voadores, tornando obsoletas ruas e avenidas, cada vez mais confusas e congestionadas. Não temos nada sequer parecido com isso. Exagerou, portanto, na sua confiança na iniciativa inovadora dos nossos inventores. Também projetou (e errou) que haveria usinas nucleares de fusão a frio. Porém... Uma de suas previsões, tidas como “impossíveis” na época, pode estar a caminho de se concretizar. Essa ele fez em seu livro “Escolha a catástrofe” (que comentei extensamente neste espaço) e não ao “The New York Times”. Trata-se de uma “Biblioteca Global”, possível de ser acessada por qualquer um, de qualquer lugar, sem precisar sair de casa.

Asimov escreveu a esse propósito: Haverá uma tendência para centralizar informações, de modo que uma requisição de determinados itens pode usufruir dos recursos de todas as bibliotecas de uma região, ou de uma nação e, quem sabe, do mundo. Finalmente, haverá o equivalente de uma Biblioteca Computadorizada Global, na qual todo o conhecimento da humanidade será armazenado e de onde qualquer item desse total poderá ser retirado por requisição. (...) Certamente, cada vez mais pessoas seguiriam esse caminho fácil e natural de satisfazer suas curiosidades e necessidades de saber. E cada pessoa, à medida que fosse educada segundo seus próprios interesses, poderia então começar a fazer suas contribuições. Aquele que tivesse um novo pensamento ou observação de qualquer tipo sobre qualquer campo, poderia apresentá-lo, e se ele ainda não constasse na biblioteca, seria mantido à espera de confirmação e, possivelmente, acabaria sendo incorporado. Cada pessoa seria, simultaneamente, um professor e um aprendiz”.

Responda, caro leitor, essa previsão de Asimov não lembra, posto que (ainda) remotamente, o “Google”? Entendo que sim. Minha intuição me diz que no futuro, e não tão remoto assim, esse serviço, hoje já imprescindível, de busca, vai caracterizar autêntica “Biblioteca Global”. Bem, para resumir, sempre que pensamos em robôs, somos induzidos a associá-los a esse prolífico cientista-escritor (ou escritor-cientista, como queiram). Quando esta tecnologia nos era mera fantasia ou, quando muito, distante realidade, Asimov já imaginava um mundo com essas máquinas que hoje fazem parte, cada vez mais, do nosso cotidiano. Uma de suas criações a propósito é a tão conhecida "Três leis da robótica", que permitiriam a convivência dos robôs conosco. Estes princípios são os seguintes:

1º – Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2º - Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei.
3º - Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis.
Mais tarde, no livro  “Os Robôs do Amanhecer”, o robô Daneel viria a instituir uma quarta lei: a 'Lei Zero'. E esta diz: “Um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por inação, permitir que ela sofra algum mal”.

Como qualificar Isaac Asimov se não de “gênio”, na mais estrita acepção desse conceito?!!!

Boa leitura.


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