sábado, 16 de agosto de 2014


* Por Rodrigo Ramazzini

Sinto-me só.

Não há nada mais triste do que sentir-se só.

Os dias parecem sempre bucólicos e cinzentos, apesar do sol estar encantadoramente brilhando lá fora.

E nem a presença de uma multidão é capaz de preencher o espaço reservado na minha alma a uma única pessoa. Sempre falta algo...

Só.

A escuridão do meu quarto quando me deito reproduz o vazio existente no meu coração. E o aconchego falso do travesseiro acaba instigando o sentimento de solidão.

E os dias de frio são torturantes. Os de chuva deprimentes...

E o olhar fica vago buscando uma resposta no horizonte. Ou cabisbaixo sem qualquer brilho...

Só.

Vou aos lugares e fico observando o tom apaixonado dos casais e as suas juras de amor eterno. Inevitavelmente, pergunto-me: e por que não eu também? Qual o problema em mim?

E a autoestima encosta no fundo do profundo poço.

E o espelho torna-se um inimigo íntimo...

Só.

O que não me deixa cortejar a loucura é a esperança. Semeio a ideia: a pessoa certa chegará na hora certa. Só que o tempo passa e nada. Tenho o estranho dom de mentir para mim mesmo!

Quando chegará a minha vez? Tenho fé e rezo diariamente.

Enquanto aguardo a chegada da pessoa certa, para apaziguar o sentimento de carência e sentir-me vivo, recorro a relacionamentos mal resolvidos do passado ou sem qualquer possibilidade de futuro, mesmo sabendo que assim estou alimentando o errado.

Só.

Todas as letras de música que falam de solidão parecem que foram inspiradas em minha história.

E, discretamente, emociono-me com o casal perfeito que se forma na propaganda de margarina na televisão. “Eu seria bem assim para ela. Cadê ela?”, penso.

Só.

Só eu sei a falta que me faz uma mão para entrelaçar os dedos.

De um rosto para acariciar.

De um ouvido para me escutar.

De uma boca para beijar.

De um ombro para chorar.

Só.

Na era exibicionista das redes sociais, enceno um sorriso alegre nas exposições fotográficas e a cada demonstração de apreciação procuro insanamente uma pretendente.

Só.

É um telefone que não toca...

Uma mensagem que não chega...

Um filme sem final feliz...

Um choro que não ressoa...

Por quê?

Até quando?

Só. Paradoxalmente, só.

E tudo que eu busco é só um amor. Só um amor...



* Jornalista e contista gaúcho

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