quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Escritora carismática e sincera

A atriz e escritora (ou escritora e atriz, como queiram). Kátia Saules é uma dessas pessoas, hoje em dia cada vez mais raras, que sempre acrescenta algo a quem tem o privilégio de conhecê-la. Simpática e bonita, seu sorriso franco e honesto desarma, de imediato, qualquer sujeito mal-humorado. Mas não são apenas estas suas virtudes pessoais – que, por si sós, já seriam suficientes para que a admiremos e queiramos sua amizade – que a caracterizam. A isso tudo, Kátia alia inteligência, talento (e não somente o dramático, mas também o literário) e uma capacidade ímpar de observação. Tem, sobretudo, carisma. E sinceridade, virtude cada vez mais rara nestes tempos tão bicudos.

Eu poderia discorrer horas sem fim sobre sua carreira no complicado e competitivo mundo das artes dramáticas. Afinal, como atriz, ela está em vias de completar dezesseis anos de brilhante carreira nos palcos e nas telas país afora. O que me chama, todavia, em especial a atenção (por motivos óbvios) é sua atuação no não menos árduo e não menos competitivo campo da Literatura. Escrevi a seu respeito já em duas oportunidades: quando do lançamento de seu primeiro livro, “Crônicas cruas” e do segundo, “Crônicas Nuas” (ambos pela Editora Giostri) que, aliás, se complementam. Não sei se a intenção foi essa, mas se não foi, Kátia acertou na mosca.

A atriz e escritora (ou escritora e atriz, como queiram), que mora no Rio de Janeiro, esteve em São Paulo, no último fim de semana, e “arrasou”. Deu show de simpatia, versatilidade e talento, cumprindo o que parece sua sina: encantar e conquistar simpatizantes e amigos por onde passe. Agitou, por exemplo, a noite paulistana, em 23 de agosto (sábado), ao participar de evento literário no Espaço Parlapatões. Na ocasião, apresentou (e autografou) “Crônicas cruas” e “Crônicas nuas”, dando show de simpatia e esbanjando versatilidade e carisma. Foi, claro,  um sucesso. E poderia ser diferente? Creio que não. O evento contou com a presença, óbvio, do ator, escritor e diretor Hugo Possolo. Para quem não sabe, ou não se lembra, informo que se trata de um dos fundadores do Grupo Parlapatões de comédia, que utiliza técnicas circenses e de teatro de rua para transmitir suas mensagens.

No dia seguinte, tudo se repetiu, agora em “palco” mais amplo. Kátia compareceu á Bienal Internacional do Livro, que ocorre no Pavilhão de Exposições do Anhembi, onde, entre outras atividades, fez troca literária com a escritora Thalita Rebouças (sobre a qual já tive a oportunidade de escrever na ocasião em que lançou uma de suas obras). Também trocou livros com o cantor Naldo Benny, que lançou, na oportunidade, sua autobiografia intitulada “Cada vez eu quero mais”. Foi, como se vê, um final de semana altamente produtivo para a jovem atriz e escritora (ou escritora e atriz, como queiram).

O que mais me fascina em Kátia Saules, em sua forma de expressar pensamentos, sentimentos e observações, é a sinceridade que brota de cada linha dos seus textos. É a linguagem “nua e crua”, sem enfeites ou arabescos, que utiliza para dizer o que todos queremos, mas nem sempre conseguimos, ou por interpretarmos equivocadamente o papel da literatura, ou por medo de ferir suscetibilidades.

Kátia, no entanto, diz as coisas como sempre devem ser ditas: com sinceridade, honestidade e transparência. Isso não quer dizer que sua linguagem seja rude, descuidada ou eivada de erros. Longe disso! Mas entre expor algo “dourando a pílula” e enfeitando (não raro desnecessariamente) a maneira de exposição e dizer as coisas com os devidos “pingos nos is”, opta pela segunda. Por isso, seus livros e seus textos esparsos agradam tanto.

Pincei, a esmo, dois trechos de suas crônicas, para comprovar o que afirmo. No primeiro, Kátia escreve:  “Os grandes entendedores e pensadores que me perdoem, mas de vez em quando calar também faz parte… calar não só pra si, mas pro mundo”. E não é verdade? Não sentimos, volta e meia, essa vontade de silenciar, ou seja, de fazer do silêncio mensagem até mais enfática do que a expressada com milhares de palavras? Da minha parte sinto, e até com muita frequência, essa vontade de calar. E me calo.

Em outro trecho, de uma de suas crônicas, Kátia traz à baila um comportamento cada vez mais comum, que incomoda à beça, mas que raramente vi explicitado em algum texto, sobretudo, literário. Kátia escreve: “É cada vez mais raro ver as pessoas se olhando, se observando, se paquerando (palavra antiga!)… o que mais sinto falta hoje em dia é do olho no olho… passo pelas pessoas na rua, na praia, no shopping… o lugar independe, e as vejo conectadas no celular (que hoje em dia é mais computador que telefone) de forma que andam sem nem olhar onde pisam. Parece assustador e é”.  E não é?!

Por tudo isso é que tenho tanta admiração por Kátia Saules. Pela pessoa que é: simpática, bonita, inteligente e com sorriso devastador, que desarma qualquer sujeito mal-humorado. E pela escritora: talentosa, carismática, observadora e, principalmente... sincera, que não hesita em ser “nua e crua” quando os temas que aborda exigem. É possível não admirar?

Boa leitura.

O Editor

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Um comentário:

  1. Temos que reverenciar a inteligência e originalidade. Esta última, bem difícil de se ver.

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