domingo, 17 de agosto de 2014

De volta a um assunto que assusta e fascina

A Terra é “bombardeada” sem cessar, todos os dias, por séculos, milênios, por milhões (quiçá bilhões) de anos, sem que na imensa maioria dos casos sequer percebamos. Antes que me questionem, me apresso em dizer que não se trata de nenhum ataque de alienígenas. Aliás, até que me provem o contrário, não creio que eventuais seres vivos de fora do nosso planeta – se é que existam e, sobretudo, se é que sejam tão inteligentes ao ponto de empreenderem viagens cósmicas – já tenham ao menos passado nos arredores do nosso lar espacial. Essa história de homenzinhos verdes (ou seja lá qual for sua cor), é conversa para boi dormir, embora haja milhões e milhões, ao redor do mundo, que acreditem nessas balelas. Bem, mas meu tema de hoje não é este.

Sei que estou sendo repetitivo, pois tratei desse assunto ainda muito recentemente. A culpa, no entanto, não é minha. É de algumas dezenas de leitores que praticamente exigem que eu escreva mais a propósito. Gosto tanto desse tipo de tema que, por mim, escreveria não só meia dúzia de crônicas, ou outro tanto de ensaios, mas redigiria um livro. Ou, quem sabe, mais de um. Não se assuste, todavia, quem não gosta do assunto. Não farei isso. Não, pelo menos, neste espaço, voltado à Literatura. Todavia, como pedido de leitor para mim é uma ordem (e juro que não estou fazendo média), proponho-me a trazer-lhes mais alguns dados a propósito, com base em uma edição já antiga da revista especializada em astronomia, “Sky & Telescope”, de fevereiro de 1994. A publicação data, pois, de duas décadas. Cá para nós: como vinte anos passam depressa, não é mesmo?!!?

A matéria da referida revista enfatiza que a imensa maioria (coisa de 99% ou mais) dos dejetos que atingem a Terra, há tanto tempo, sem cessar, é tão minúscula que chega ao solo (ou aos oceanos) na forma de finíssima partícula de pó. Nem a mais zelosa e maníaca dona de casa é capaz de percebê-la. Todavia, de vez em quando (felizmente, muito de vez em quando), um bólido um tanto quanto maior, é capturado pela gravidade do nosso planeta. Aí... Dependendo da sua dimensão, chegará ao solo como pedrinha comum, que não gerará conseqüências.

Os grandões foram (pelo menos até aqui) raros. Atribui-se a um deles, que teria chegado ao chão com tamanho considerável e que teria atingido a Terra há 65 milhões de anos, seria o responsável pela extinção de 90% das espécies vivas então existentes, entre elas os dinossauros. Coloco tudo isso no condicional por motivos óbvios. Não testemunhei a catástrofe (que de fato ocorreu, mas cuja época e cujas conseqüências foram, no meu entender, frutos somente de especulação, mas... deixa pra lá).

Todavia, nem todo bólido mais avantajado chega ao solo. Depende da matéria que o compõe. Nem por isso, esse evento é necessariamente menos catastrófico. A matéria da revista “Sky & Telescope” ressalva: “Bólidos provenientes das profundezas do universo, dependendo do tamanho, natureza e velocidade, ao explodir, mesmo que na atmosfera, podem causar enorme devastação na Terra”. E não raro, eles explodem e fragmentam-se em dezenas, centenas e às vezes milhares de pedaços. A reportagem exemplifica: “Foi o que aconteceu, por exemplo, em 30 de junho de 1908, na Sibéria, com o choque de um meteorito, cujo diâmetro foi estimado em 30 metros e alcançou a velocidade hipersônica de 15 quilômetros por segundo (54 mil quilômetros por hora) ao se precipitar sobre a Terra.”.

Para se ter uma idéia do que isso significa, basta dizer que um foguete, para se libertar da gravidade terrestre, deve atingir, no mínimo, 11,2 quilômetros por segundo. Esse bólido, que entrou na região de Tongusha, explodiu, conforme cálculos recentes, a cerca de 10 mil quilômetros de altura. Era composto, principalmente, de pedra. A temperatura dos gases atmosféricos produzida por este “projétil” deve ter atingido extraordinários 25 mil graus centígrados. Consequência? Milhares de quilômetros quadrados de florestas foram destruídos, com dezenas de milhares de árvores queimadas ou, literalmente, desintegradas.

A energia liberada pela explosão foi equivalente a 20 megatons (milhões de toneladas) de TNT. Seu ângulo de chegada ao solo (caso chegasse a ele) devia estar compreendido entre 30 e 40 graus. O meteorito, todavia, de baixa densidade, fragmentou-se em pedaços microscópicos. Já imaginaram se não tivesse se fragmentado, o tamanho da hecatombe que o evento produziria? É ate impensável. Afinal, não foram os fragmentos do bólido que causaram a devastação naquela desértica área da Sibéria. Foi a força de deslocamento da explosão que provocou o desgaste do solo, existente até hoje, passados 108 anos do evento, na região. É como se o fato tivesse ocorrido há poucas horas e não há mais de um século.

Espero ter satisfeito, pelo menos em parte, a curiosidade dos que solicitaram (na verdade exigiram) que eu voltasse a esse assunto, que ademais, tanto me fascina.Se quiserem saber mais, pesquisem, ora bolas! Além de não doer, irá ampliar muito seus conhecimentos.

Boa leitura.


O Editor

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Um comentário:

  1. Eu temo, mas também gosto do assunto. O buraco feito por um corpo celeste que bateu em Júpiter em tempo relativamente recente fez um rombo maior do que a Terra. Noutro momento poderia falar um pouco disso também, Pedro.

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