quinta-feira, 19 de junho de 2014

A viagem

* Por Carmo Vasconcelos

Emigro para ti…
Barca antiga de cansaços
levada ao sabor das marés…

Praia ou ilha… Não importa!
Não quero bússola nem mapas,
sigo apenas uma luz
que inundou o meu convés;
uma estrela
que do alto me murmura:

Vem!…
Não pretendas ouvir o indizível
nem saber a duração da jornada!
Deixa-te embalar pelo canto das sereias;
sacia-te dos frutos que emergem ao acaso;
bebe das águas turvas de mistério…

Vem!…
Não temas tempestades!
Embriaga-te das noites de bonança
perfumadas de incógnitas…
Esquece meridianos e coordenadas
e corta ventos e marés
com teus braços feitos remos
e teus beijos feitos velas!

Vem!…
Talvez a praia
não seja mais do que miragem,
talvez a ilha
seja um cais de insensatez,
talvez te percas, naufragues até…
Mas vem!… Vem!…
Ainda que o desígnio seja apenas a viagem!


P* oetisa portuguesa

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