quarta-feira, 16 de abril de 2014

Pulitzer consagra Donna Tartt

O Prêmio Pulitzer, na categoria Ficção, ou seja, o principal de caráter literário atribuído anualmente pela Universidade de Columbia, consagrou, neste ano de 2014, uma escritora que, mesmo tendo publicado apenas três livros em sua relativamente longa carreira (numa média de um a cada doze anos), jamais conheceu o fracasso. Trata-se da romancista, de ascendência italiana, Donna Tartt, de 50 anos – nasceu em 23 de dezembro de 1963, em Greenwood, no Estado do Mississippi – que foi premiada pelo romance “The Goldfinch” (cuja publicação, no Brasil, está prevista para setembro, pela Companhia das Letras).

A escritora é campeã de vendas, tanto nos Estados Unidos, quanto nas principais praças mundo afora, inclusive no Brasil. Seu livro de estréia, “A história secreta”, escrito em 1984 (enquanto ainda cursava o segundo ano na Universidade Benington), mesmo tardando oito anos para ser publicado (só o foi em 1992), constituiu-se, num piscar de olhos, em notável best-seller. Em menos de uma semana, esgotou, de cara, a primeira edição, de 75 mil exemplares, o que, convenhamos, é façanha rara até para autores consagrados, quanto mais para estreantes. Além do que, caiu, de imediato, no gosto da crítica, o que conta muito para motivar leitores. Consequência? O livro foi traduzido para 24 idiomas e, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos, esgotou edições e mais edições, inclusive no Brasil.

 Com o segundo romance, “O pequeno amigo”, publicado em 2002, não foi diferente. O sucesso se repetiu. Muitos duvidavam que isso pudesse acontecer. Achavam que aquilo que havia acontecido com o primeiro livro fora um “golpe de sorte”, um desses raros momentos de inspiração que quase nunca se repetem. Quem pensava dessa maneira, se frustrou. Donna Tartt emplacou um segundo best-seller, inclusive no Brasil. Claro que havia enorme expectativa sobre o que ocorreria com a obra seguinte, “The Goldfinch” (ainda sem título em português), lançado em 2012. E o que aconteceu? Também se tornou best-seller, nos Estados Unidos e, de quebra, valeu-lhe o Pulitzer, na categoria de Ficção, deste ano. Por todos os antecedentes e, principalmente pela qualidade deste novo romance, ninguém pode contestar a justiça da premiação. E não contesta.

O Pulitzer, criado em 1917 pelo editor Joseph Pulitzer, a exemplo do Nobel, destina-se a premiar quem se destaque em várias atividades, entre as quais a Literatura. Esta, todavia, não é seu principal foco (embora, por razões compreensíveis seja o meu). Seu principal foco são os trabalhos na área de jornalismo. As premiações literárias (diria melhor, artísticas, pois premia, também, os que atuam no campo da música), são, digamos, “subsidiárias”. Além da Ficção, premia, também, outras categorias e contemplou, neste ano, os seguintes autores:

Poesia:  livro “3 Section” – Vijay Seshadri
Biografia: livro “Margaret Fuller: A new american life” – Megan Marshall.
História: livro “The internal enemy: slavery and war in Virginia 1772-1832” – Alan Taylor
Não-ficção: livro “Toms River: a story of science and salvation” – Dan Fagin
Peça teatral: “The flick” – Annie Baker

O Prêmio Pulitzer de Ficção – um dos maiores prêmios literários dos Estados Unidos –  é concedido desde 1948 a um romancista necessariamente norte-americano (no que se diferencia do Nobel de Literatura). Substitui o de Romance, criado em 1918 e vigente até 1947. A premiação, além da fama, dá um cheque de U$ 10 mil dólares. Nada mau, não é mesmo? É certo que o dinheiro dado aos vencedores é muitíssimo inferior ao do Nobel. Estou convicto, porém, que o ganho financeiro é o que menos importa aos premiados. Trata-se, apenas, de um bônus a mais a quem consegue essa consagração.

Donna Tartt vem se juntar a um seletíssimo grupo de escritores norte-americanos reconhecidos com o Pulitzer, alguns dos quais são tidos e havidos como clássicos da literatura não apenas dos Estados Unidos, mas do mundo todo. Dois deles ganharam o prêmio duas vezes. Esta é mais uma das diferenças com o Nobel de Literatura, que é atribuído uma única vez ao ganhador. Entre os premiados mais ilustres, eu destacaria: Sinclair Lewis (1926), Thornton Wilder (1928), Pearl S. Buck (1932), John Steinbeck (1940), Upton Sinclair (1940), James A. Michener (1948), Ernest Hemmingway (1953), William Faulkner (1955 e 1963), William Styron (1968), Saul Below (1976), Norman Mailer (1980), John Kennedy Toole (1981), John Updike (1982 e 1991), Phillip Roth (1998) e agora Donna Tartt.

Claro que os premiados que não mencionei não são menos merecedores do que os mencionados. Longe disso. Ocorre que seu sucesso limitou-se ao âmbito doméstico, o dos Estados Unidos. Exorto os leitores que ainda não leram os dois livros da nova premiada com o Pulitzer que os leiam. Certamente, não se arrependerão. E mais, duvido que após a leitura não considerem justa a decisão dos jurados que lhe outorgaram tão prestigiosa honraria.

Boa leitura.

O Editor

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