terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Apenas semente

* Por Alberto Cohen

Que eu morra, de repente, nos teus braços,
como se fosse o fim de mais um verso,
uma rima perdida no universo,
enfim a descansar de seus fracassos.

Que eu guarde em teu olhar meus infiéis
olhares de quem tanto perseguia
a pureza que, às vezes, recendia,
devassa, pelos quartos de bordéis.

Que me tenhas só teu, nesse momento,
e seja de tua boca o meu alento
derradeiro de paz e de agonia.

E que partas, depois, levando ao colo
a alminha do guri que jaz no solo,
plantado qual semente de poesia.

* Poeta e escritor paraense



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