quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Árbitros e consumidores

A Literatura se faz não somente com temas considerados “importantes”, “profundos”, transcendentais, tidos e havidos como grandes idéias. Qualquer assunto, em mãos de um escritor diligente, criativo, sensível e competente, enfim, talentoso, rende textos inteligentes e decisivos. Torna-se interessante e propicia que o leitor extraia preciosas lições para a sua vida. Os melhores romances que li, por exemplo, nasceram de coisas, ou de fatos, trivialíssimos do cotidiano que, sob o olhar atento de gênios, renderam histórias marcantes e inesquecíveis. Reitero que, aos fim e ao cabo, o que conta é o talento de quem desenvolve qualquer tema, seja ele filosófico, antropológico, sociológico ou alguma trivialidade do dia a dia. Não existe assunto ruim. O que há é escritor incompetente.

Este preâmbulo, um tanto extenso, vem a propósito de algumas opiniões que venho recebendo sobre duas das minhas mais recentes reflexões, abordando o costume de se celebrarem aniversários. Vários leitores (felizmente) manifestaram-se a propósito. Fizeram-no, porém, por e-mails. As manifestações foram bem vindas, não tenham dúvidas, mas as formas utilizadas não foram as que eu tanto queria. Minha preferência é que comentários sejam exibidos aqui, no espaço apropriado para isso, ou, na pior das hipóteses, em minha página do Facebook, de sorte a que “todos! os que acessarem esses espaços possam lê-los. Mas... por algum motivo, que foge à minha compreensão (ou por excesso de modéstia ou por temor de críticas), meus preciosos leitores preferem o contato “particular”, exclusivamente comigo, sem partilhar suas críticas, elogios e sugestões com mais ninguém. Embora eu discorde dessa opção, respeito-a. Recebo essas manifestações com inegável satisfação e até uma pontinha de vaidade, por que não..

Aliás, estou planejando escrever um texto específico, abordando, exclusivamente, esses meus imprescindíveis parceiros literários (que já \ascendem a algumas dezenas), que para a minha alegria são onipresentes. São eles que me pautam. E mais: elogiam-me, criticam-me, brigam comigo, sugerem fontes, enfim, participam de alguma forma do meu processo de criação literária. Pena que o façam, reitero, “apenas” por e-mail. Espero, contudo, que continuem, pois fiquei “viciado” nesse tipo de comunicação. Temo que, se vier a ser privado dele, não escreverei tanto ou não com a mesma alegria, paixão e espontaneidade que caracterizam meus textos. São leitores fidelíssimos, muitos dos quais me acompanham desde 2002, portanto, há já doze anos.

Esses meus seguidores fieis e constantes estão divididos em suas opiniões sobre minhas abordagens a propósito do hábito de se comemorar aniversários, tema que ainda não esgotei e que pretendo me aprofundar bem mais. Cerca de 40%, posto que elogiem minhas informações e a forma como as coloquei, entendem que o tema não é apropriado para um espaço, como este, voltado à Literatura. Exortam-me a voltar a comentar lançamentos de livros e aspectos pitorescos de biografias de consagrados escritores, entre outros, o que, certamente, farei, mas no momento oportuno. A maioria, porém, por volta de 60%, desafia-me a esgotar este assunto, sugerindo-me, até mesmo, caminhos novos a seguir. Um deles, entre tantos, é o leitor João Chaves, que quer saber, por exemplo, o papel do bolo e das velas nas comemorações de aniversários.

A doutora Mara Narciso – figura que admiro e respeito, por sua cultura, inteligência e coerência –, por seu turno,  vai mais longe. “Desafia-me” – não por e-mail, mas no espaço apropriado, no que prefiro que meus leitores utilizem, abaixo de cada texto – que aborde as diferenças de calendários tempo e mundo afora, o que faz com que muitos aniversariantes sequer saibam com exatidão a verdadeira data de nascimento. Já iniciei pesquisas a respeito, em minha caótica biblioteca. Certamente trarei não só informações, como opiniões pessoais a respeito. Aguarde, pois, minhas explanações que, aliás, têm tudo a ver com o que estou tratando.

Aos 40% que consideram este assunto irrelevante, peço mil desculpas. Se vocês tiveram essa impressão, foi porque não fui suficientemente competente para fazê-los refletir sobre o tempo e a fragilidade da vida, que era a minha intenção. Prometo esforçar-me bem mais para convencê-los e assim satisfazer suas expectativas. Com os outros 60%, comprometo-me a me aprofundar mais e mais no tema, buscar informações inusitadas e tratá-las de tal sorte que os induza a raciocinar, que é meu objetivo final. Asseguro-lhes que estou atento, atentíssimo às críticas, aos reparos, às observações positivas e/ou negativas, assim como aos elogios (que sei que são sinceros, por serem espontâneos) e às sugestões de fontes, de sorte a não decepcionar ninguém. Não decepcionarei! Afinal, vocês são meus árbitros e potenciais consumidores da minha produção.

Boa leitura.


O Editor

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Um comentário:

  1. Agradecida pela menção, Pedro. De fato a medição do tempo tem tudo a ver com a nossa fragilidade e temporalidade. O que parece fútil, é até uma grande questão existencial: o tempo que temos, ou pensamos ter. Continuamos seguindo seus passos.

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