sábado, 28 de setembro de 2013

O olhar

* Por Clóvis Campêlo

Aquele olhar, ao mesmo tempo, era chegada e despedida.

Talvez fosse apenas uma velha senhora, tal qual Carolina, na janela, vendo passar o tempo que ainda lhe restava.

Mas, nele havia um rastro tamanho de dignidade.

Era um olhar, ao mesmo tempo, sereno e inquisidor, indagando, sem ódio e sem medo, sobre o sentido da vida, sobre o acaso de estarmos ali, naquele momento, descobrindo-nos mutuamente.

Afinal, pelas ruas de Juazeiro do Norte, em dias de Padim Ciço, são muitos os transeuntes, crentes ou não, que por ali circulam em busca de si, da fé, dos céus.
É sempre um povo sofrido, calejado, euclides e forte. Antes de tudo, sertanejo.
Pelas ruas de Juazeiro do Norte, em Festa de Finados, sempre construímos um pouco mais da identidade do nosso povo, os nordestinados.

A imagem daquela velha mulher, na porta da casa simples de taipa, com as mãos serenamente cruzadas e inertes, depois de uma vida de lida e trabalho para sobreviver, trouxe, para nós, a constatação da nossa brasilidade.

Salve Juazeiro, salve Padim Ciço, mais uma vez salve o povo brasileiro!

* Poeta, jornalista e radialista


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