sábado, 28 de setembro de 2013

E a entrevista do Papa Francisco?

* Por Paulo Reims

Certamente todos já ouvimos alguma crítica ao Papa Francisco, seja ela positiva ou negativa. É provável, também, que todos tenhamos escutado o Papa falando em algum momento, ou lido algum conteúdo por ele elaborado.

Quando ele esteve no Brasil, em julho passado, a oportunidade de tê-lo ouvido falando em português ou espanhol foi bem mais próxima. A imprensa acompanhou tudo, e a divulgação era, normalmente, em tempo real. Seu modo de se expressar é simples e direto, ao alcance de qualquer pessoa poder entendê-lo.

Foram momentos empolgantes para quem esteve participando da JMJ, no Rio de Janeiro, apesar da chuva e do frio, e também em Aparecida-SP; não menos empolgados os que o acompanharam pelos meios de comunicação, especialmente pela televisão. Seu jeito simples, próprio dos latinos, cativou muita gente, católica ou não.

Continuam circulando, pela rede de computadores, lindas mensagens deste acontecimento marcante, especialmente para o Brasil, mas também para o mundo, por ser a jornada mundial da juventude.

Não faltaram criticas negativas ao evento, mas o saldo positivo é bem maior. O Papa sorria o tempo todo, apesar das dores no ciático. Acenava efusivamente para o povo, dando a entender que gostaria de abraçar todas as pessoas de forma carinhosa e fraterna. Havia dito a um repórter, em uma das entrevistas, que se fosse para andar dentro de uma caixa de vidro, seria melhor ficar em casa. É o seu jeito simples, direto e espontâneo. Descia do papa-móvel para abençoar as crianças, idosos e pessoas portadoras de deficiências, e até para pegar uma cuia de chimarrão das mãos de um jovem, levando os seguranças à loucura. Enfim, o Papa tem atitudes jamais percebidas em outros; os europeus são incapazes destes gestos, salvo exceções, provavelmente pela cultura.

Na extensa entrevista que ele concedeu ao padre Antônio Spadaro, italiano e jesuíta como o Papa, e que foi publicada na Revista “Civiltà Cattolica” em 19 de setembro de 2013, e que está sendo bastante comentada pelo mundo afora, o Papa Francisco solta o verbo. Realmente, esta entrevista deixa transparecer quem é o Papa, o que ele pensa; praticamente escancara as portas do seu coração; quem desejar lê-la em português poderá acessar o link: http://fratresinunum.com/2013/09/19/integra-da-entrevista-de-francisco-a-civilta-cattolica/.

Os progressistas estão lavando a alma, pois o Papa não esconde nada. Quando perguntado sobre como definia sua pessoa, disse: “Sou um pecador; um pecador para quem Deus olhou com misericórdia”. E deixa claro que é desta forma que a Igreja deve tratar todas as pessoas, sem exceção.

Também afirmou que com seus 36 anos de idade o fizeram responsável pelos jesuítas da Argentina, cargo elevado, e que a princípio ele o exerceu com certo autoritarismo, era individualista nas decisões, certamente por falta de experiência, e por isso foi taxado de ultra-conservador, mas que nunca foi de direita, para a decepção dos conservadores que formam uma longa fileira.

Um repórter de uma televisão “importante” aqui do Brasil, há uns meses, escreveu um artigo em defesa do papa Francisco, quando ele foi atacado por cumplicidade à ditadura de Videla, na Argentina; lá ele dizia: “ele nem podia ser cúmplice, pois naquela época era um simples padre, esses certamente são comentários da esquerda descontente”. Enganou-se o repórter. O Papa Francisco era já o Superior Provincial na época. Porém, é verdade que ele não foi cúmplice, pelo contrário, ajudou muitas pessoas a se livrarem das atrocidades do ditador e tirano Jorge Videla, que morreu em maio deste ano, aos 87 anos de idade, numa prisão da argentina, que é o lugar apropriado para estes monstros doentios, ceifadores da vida.

Outra matéria maldosamente elaborada circulou pela internet afirmando que o Papa Francisco é a favor do capitalismo. Pesquisei e descobri que o entrevistador não existe e que o conteúdo foi inventado por alguém muito boçal, da direita fascista.

Contrariamente ao que foi dito naquela matéria desprovida de fundamentos, o Papa Francisco tem se manifestado várias vezes contra este sistema que idolatra o dinheiro e faz o povo morrer de fome. No último dia 22 de setembro, na Ilha da Sardenha, na Itália, ele se encontrou com o povo trabalhador daquela Ilha, sofrendo com o desemprego reinante por lá, e criticou duramente a situação de miséria criada pelo sistema capitalista, que endeusa o dinheiro, em detrimento de uma multidão de pessoas que devem ocupar o centro de todas as atenções.

Portanto, o Papa Francisco defende o sistema humanista, onde todas as pessoas possam viver e conviver com dignidade. Avante, Papa Francisco! Dios lo bendiga, siempre!


* Jornalista

Nenhum comentário:

Postar um comentário