domingo, 18 de agosto de 2013

Questão de segurança nacional

Em 1976, alertada por cientistas que o clima da Terra havia começado a mudar a partir de 1950, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) encomendou, ao Instituto de Estudos do Meio Ambiente da Universidade de Wisconsin, detalhado relatório sobre o que estava acontecendo, contendo, não somente dados estatísticos, mas extrapolações sobre as possíveis conseqüências das alterações em andamento. A principal recomendação, todavia, foi a de se apresentar as causas desse fenômeno.

“O que a CIA tem a ver com isso”, pode perguntar o admirado leitor, ciente de que essa organização norte-americana tem, como função prioritária, zelar pela segurança nacional, principalmente mediante espionagem e contra-espionagem? Tem muito! Afinal, as anomalias nos ciclos de chuvas e a variação brusca das temperaturas médias, com extremos ora de frio e ora de calor, afetam diretamente a agricultura. E não há, convenhamos, nada de mais estratégico para qualquer país do que a produção de alimentos. Recorde-se que foi a geração e a estocagem de comida que fez com que o Homo Sapiens saísse das cavernas primitivas e se civilizasse. Foi a Agricultura que deu início à atividade comercial, a grande responsável pelas demais ações políticas, sociais e militares.

Por que? Pelo motivo super óbvio. Porque nada é mais importante para qualquer animal que seja do que a comida. E as mudanças no clima, sejam quais forem, trazem, invariavelmente, em sua esteira, secas catastróficas, irregularidades extremas nos regimes de chuva e, por conseqüência, quebras ou perdas totais de safras que resultam, em última análise, em fome. Esta, por seu turno, detona ondas de descontentamento, de desespero, de violência e não raro de incontroláveis distúrbios político-sociais. É como diz o famoso ditado: “em casa que falte o pão, todos gritam, e ninguém tem razão”. Ademais, não faltam oportunistas para manipular multidões famintas e desesperadas  e insuflá-las a cometer atos extremados, em nome de determinada ideologia, que no final das contas, não enche a barriga de ninguém. Todavia, hordas famintas não raciocinam. Querem porque querem, claro, comida, a qualquer custo.

Se o leitor observar bem notará que países com insuficiência de alimentos são todos (ou quase todos) governados por ditadores, tanto de direita, quanto de esquerda. Os deste último caso surpreendem-me mais. Afinal, que vantagem há, para qualquer povo, na socialização da miséria? Na da riqueza, ainda se compreende. Mas na da indigência... Raia o surreal. E nesses regimes, que se dizem socialistas (a maioria não tem a mais remota noção do que seja socialismo), há rigorosa igualdade de direitos e deveres entre “todos”? Não há castas privilegiadas que negam a tese de sociedade sem classes? Claro que há!

Atenta às potenciais conseqüências sociais de uma produção insuficiente de alimentos, causada por severas mudanças climáticas, a CIA, uma das responsáveis pela segurança nacional dos Estados Unidos, começou a se prevenir. O relatório que encomendou ao Instituto de Estudos do Meio Ambiente da Universidade de Wisconsin apontou em uma direção diametralmente oposta à da corrente majoritária atual que detecta o tal do “Efeito Estufa”. Concluiu que o mundo estaria ingressando em nova “Era Neoboreal”. Ou seja, numa pequena glaciação que via de regra tem curta duração (em termos cósmicos): em média, 250 anos, tempo irrisório nos aspectos geológicos. Mas, caso essa mudança se confirme, afetará exatamente a nossa geração e a dos nossos descendentes (netos, bisnetos, tataranetos etc.etc.etc.).       .

De acordo com o referido estudo, as alterações do clima (esfriamento do Planeta) ocorreria por várias razões, todas naturais, impossíveis, portanto, de serem prevenidas ou modificadas pelo homem. Entre essas causas, estaria a posição da Terra no espaço em relação ao Sol. As características principais dessas mudanças seriam, conforme o citado relatório, a queda gradativa da temperatura do Planeta, com invernos cada vez mais intensos e extensos e verões mais curtos e mais frescos. Nas latitudes intermediárias, como a linha do Equador, ocorreriam ora excessos, ora escassez de chuvas. E o sistema de monções passaria a ter grandes falhas.

As conseqüências tenderiam a ser as mais variadas possíveis e todas muito ruins. Segundo o referido estudo, por exemplo, devem ocorrer grandes estiagens, de 4 em 4 anos, na Índia, o que resultaria na redução populacional de 25% (ou seja, na morte de 225 milhões de pessoas). Será uma catástrofe, caso essas extrapolações se confirmem. No mesmo continente asiático, a China, país mais populoso do mundo (com 1,47 bilhão de habitantes) sofreria catastróficas quebras de safras e dependeria, cada vez mais, de maciças importações de alimentos. A República do Cazaquistão (que no passado ainda relativamente recente, integrou a extinta União Soviética), na Ásia Central, perderia a totalidade de suas terras aráveis, que seriam cobertas por geleiras. Deixaria, por isso, de produzir um mínimo de 40 milhões de toneladas métricas de grãos por ano.

Mas as conseqüências afetariam, também, e diretamente, os Estados Unidos e arredores. O Canadá, por exemplo, diminuiria em 50% sua capacidade de produzir alimentos e em 75% seu potencial de exportação. Na Europa, o comércio exterior de cereais certamente cairia entre 25% e 30%. Em pouco tempo, o imenso estoque mundial existente, formado graças a magníficas safras (especialmente os recordes consecutivos de colheitas de 1985 e 1986, os anos de maior produção no mundo de que se tem notícia na História) seria reduzido, provavelmente, a zero.

Seria uma tragédia de proporções impensáveis! A estabilidade política internacional, óbvio, iria para o espaço. O instinto de sobrevivência sobrepujaria qualquer princípio, ético, moral, legal ou religioso. É fácil de prever que, nessas circunstâncias, países militarmente mais fortes tomariam à força as terras férteis e produtivas dos mais fracos. A civilização, como a conhecemos, deixaria de existir, sabe-se lá por quanto tempo...

A Terra estaria, mesmo, esfriando, entrando na tal “Era Neoboreal”, como alertou o relatório da Universidade de Wisconsin? Ou estaria ocorrendo exatamente o oposto, o aumento da temperatura média do Planeta, o tão comentado “Efeito Estufa”? Qual corrente está com a razão? Uma coisa, todavia, é certa: o clima da Terra está mudando...

Boa leitura.


O Editor

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