segunda-feira, 29 de julho de 2013

Abre-te, Sésamo!

* Por Daniel Santos

Há certas festas que se fecham para nós e, mesmo com o convite em mãos, adivinhamos o veto no olhar de todos: não nos querem ali. E, se insistimos em entrar, tomamos um pé no traseiro sem direito a revanche.

Essa lição sobre limites da alegria aprendemos mais cedo ou mais tarde, tal como ocorreu semanas atrás a uma sobrinha muito querida quando compareceu ao aniversário de sua amiga na boate de um shopping.

Segundo disse, chegou uma hora mais cedo para apreciar as vitrines e, quem sabe, comprar alguma roupa da moda. Logo percebeu, no entanto, que mesmo as ofertas com supostos descontos lhe eram inacessíveis.

Deu de ombros à indigência financeira e procurou a tal boate, mas errou de endereço e entrou noutra casa de diversão, onde foi barrada por falta de convite e também por excesso de lotação. Ela chegara atrasada.

Encontrou, finalmente, outra boate, mas ali só se admitia o ingresso com fantasias. Tratava-se de festa para convidados exclusivos, de onde a baniram com olhar excludente. E lá se foi ela, por falta de roupa adequada.

No quarto piso do shopping, o alívio: chegara aonde pretendia. Mas havia tanta gente que ... Empurrou um, esbarrou noutro, e nada. Não conseguia mesmo entrar! Só então entendeu: estava definitivamente fora.

* Jornalista carioca. Trabalhou como repórter e redator nas sucursais de "O Estado de São Paulo" e da "Folha de São Paulo", no Rio de Janeiro, além de "O Globo". Publicou "A filha imperfeita" (poesia, 1995, Editora Arte de Ler) e "Pássaros da mesma gaiola" (contos, 2002, Editora Bruxedo). Com o romance "Ma negresse", ganhou da Biblioteca Nacional uma bolsa para obras em fase de conclusão, em 2001.

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