domingo, 19 de maio de 2013


Separado(a) ou solteiro(a)?

* Por Ruth Barros


Anabel tem notado nos últimos tempos uma raça ou tribo, como preferirem, que se faz cada dia mais excluída, não só pelos outros como por eles mesmos. São aqueles que nunca casaram e/ou moraram com alguém maritalmente, forma de casamento tão ou melhor que papel passado, em minha modesta opinião. A própria evolução natural da espécie mudou (graças a Deus) a imagem e o caráter dos solteiros, principalmente o das mulheres, as maiores beneficiárias, que passaram de encalhadas a independentes.

Os homens, por sua vez mantêm a posição de que não casaram porque estão esperando coisa melhor, afinal de contas são eles que decidem, não é? Anabel acha que não. Nos últimos tempos começou a acender uma luzinha vermelha de perigo cada vez que acho um solteiro passado dos 30, solteiro au grande complet, como expliquei, aquele que nunca casou e/ou morou com alguém.

No caso dos homens acho pior. Primeiro, há sempre a suspeita de que, no fundo, o cara seja gay e não queira assumir, daí ficar inventando história e criando moda. Caso não, comprovadamente não, o sujeito não esteja preso no armário, resta a chance de que seja um chato, cheio de manias, filhinho da mamãe etc. etc – nenhum destes etcs é referente a coisa boa.

As mulheres de mais de 30 que nunca casaram têm um agravante, que é o caso de quando e com quem ter filhos, mesmo porque há o bater das horas do relógio biológico, badaladas inexoráveis. Para sassaricar qualquer coisa (praticamente qualquer coisa mesmo) presta, quadro de muda de figura quando envolve a possibilidade ou o desejo de constituir família. Filho é pra todo sempre, ao contrário de marido, que em compensação, será também pai pra todo sempre. Daí o caldo entorna. Se a maioria já acha que falta homem na praça o que dizer então de homem com responsabilidade pra criar filho?

Se da discussão nasce a luz (sem trocadilho com filho, por favor), vamos fazer um rápido Datanabel, uma pesquisinha. É melhor ser separado ou ser solteiro? Começando por mim, levantadora da lebre, acho mil vezes melhor ser separado, desde que o mundo é mundo, desde que mulher “desquitada” era olhada de banda pelas ditas boas famílias – e toda boa família cedo ou tarde teve sua desquitada. “Mil vezes desquitada que solteirona”, costumava apregoar a mãe de uma amiga minha, da época em que solteirona era virgem encruada na casa da mãe. “A desquitada ainda tem certo grau de mistério, enquanto a solteirona ninguém respeita”, explicava a distinta senhora.

Esse pensamento, por sinal, consolou muito a mãe de minha amiga, senhora de ilustre e numerosa família, quando teve o desgosto de ver a princesa herdeira chutar o marido e cair no mundo. Mas, se para mulher é melhor ser separada, para homem nem se fala. Primeiro que evita normalmente a pecha de gay – se bem que, nada é perfeito, tem muito gay que casa, fica um tempo casado (alguns até têm filhos) e depois sai se declarando separado para se manter eternamente dentro do armário.

Pior ainda são aqueles que continuam na casa da mamãe. Conheço dois irmãos com um ano de diferença entre eles. A irmã foi casada duas vezes e é mãe de um filhinho. O irmão mora na casa da mãe onde não tem nem mais quarto, dorme no sofá. O mais incrível é que, apesar de estar chegando na idade de ser pai avô, de todas as namoradas desistirem dele depois de anos de espera que se tornou desesperança, ele acha que está em situação muito melhor que a da irmã, pode?  


Anabel Serranegra acha que está na hora de Israel parar de bombardear o Líbano e matar também crianças brasileiras

* Maria Ruth de Moraes e Barros, formada em Jornalismo pela UFMG, começou carreira em Paris, em 1983, como correspondente do Estado de Minas, enquanto estudava Literatura Francesa. De volta ao Brasil trabalhou em São Paulo na Folha, no Estado, TV Globo, TV Bandeirantes e Jornal da Tarde. Foi assessora de imprensa do Teatro Municipal e autora da coluna Diário da Perua, publicada pelo Estado de Minas e pela revista Flash, com o pseudônimo de Anabel Serranegra.



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