domingo, 28 de abril de 2013


Garota de Ipanema (3)

* Por JoséTeles

Uma profecia que se mostrou verdadeira, embora tenha acontecido por puro acaso, o álbum Getz/Gilberto só seria lançado um ano mais tarde, em março de 1964. The girl from Ipanema foi escolhida para o lado B de um compacto, de 45 rotações, de Stan Getz, com Blowin'in the wind (Bob Dylan), no lado A.

Poucas vezes duas canções tão diferentes entre si compartilharam um mesmo disco. Lado B de compacto era só enchimento. A aposta era no lado A . Na outra face do compacto colocava-se qualquer música.

Em seu livro, Phil Ramone comenta como o acaso funcionou para tornar Astrud Gilberto uma estrela: “A gravação de Astrud teria ficado no anonimato se não fosse pelo DJ de uma pequena estação de rádio em Columbus, Ohio, que durante o programa, virou o disco e tocou o lado B.

De Columbus, a Garota de Ipanema invadiu as praias americanas. Ironicamente o furacão Beatles, que assolou os EUA a partir do final de 1963, levou a gravadora a adiar o lançamento do álbum Getz/Gilberto. Com o sucesso arrasador de The girl from Ipanema, o disco disputou o primeiro lugar nas paradas exatamente com os Beatles.

O álbum Getz/Gilberto ganhou quatro prêmios Grammy: Álbum do Ano, Disco de Jazz e The girl from Ipanema, Música do Ano, a primeira vez que o prêmio foi para uma canção de um álbum de jazz, e ainda deu a Phil Ramone um Grammy como engenheiro de som do disco.

Getz/Gilberto passou dois anos ininterruptos nos primeiros lugares do paradão da Billboard. Garota de Ipanema é considerada a segunda canção mais gravada em toda história da música popular. Só perde para Yesterday, dos Beatles.

Publicado no Jornal do Commercio, Recife, em 14/4/2013

*  Jornalista e crítico musical 

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