terça-feira, 30 de abril de 2013


Doridas separações

* Por Roberto Corrêa

Há cerca de alguns anos fui envolvido pelo problema da separação de pessoas bem chegadas. Valeu-me motivação para duas crônicas: Os outros sofrem e Destroços da Separação. Naquela época, logo a seguir, escrevi: “voltei ao lugar do crime, ou seja, a casa construída pelo João de Barro para aninhar suas crias. Encontrei só destroços. Tudo empilhado, desarrumado, arrebentado. Valiosos tesouros que algum dia brilhavam e que apresentavam ter valor para a vida. Nada mais; tudo abandonado: sobre a mesa, pratos, louças em geral, material escolar, fotografias de um tempo aparentemente maravilho, que passou num piscar de olhos.”

Voltei a lembrar destes textos ao ler no Correio Popular de 2/4/2013 mensagem de outro escritor de assunto semelhante , que tomo a liberdade de reproduzir: “tenho 65 anos e estou escrevendo esta carta dirigida àqueles que estão sendo recentemente premiados por Deus com a vinda de um filho, filha ou mais e faço-lhes um apelo: jamais abandonem seus filhos! Eu me separei de minha ex-esposa e abandonei minhas duas filhas e perdi a bênção de poder vê-las acabarem de crescer...Eu cumpri sim, com o pagamento de pensão determinada pelo Juiz, visitava-as aos domingos, supria suas necessidades extras, dava-lhes presentes de Natal, aniversário e Páscoa, mas de que vale isso se não lhes dei meu ombro para chorarem quando precisaram, se lhes neguei a segurança da minha presença, se não conduzi com minha mão firme nesse início de caminhada dessa estrada chamada vida e se não acompanhei os seus passos se alargarem?”

Nossa caminhada é repleta de erros e fracassos. Mas alguns são absolutamente fatais e de trágicas consequências. No relacionamento familiar o erro que motiva a separação ou o divórcio é doloroso e também pode ser trágico, culminando muitas vezes em sangrentas tragédias. Motivadas por erros de entendimentos (desentendimentos) ou de incompatibilidades (real ou fictícia), as vítimas podem não ser tão numerosas como em desastres horrorosos, mas sofrem bastante, ao menos de forma incruenta, o resto de suas vidas. Nós outros, bafejados pelos princípios cristãos que inspiram nossas vidas, todavia com fervorosa e constante oração, poderemos receber graças que nos ajudarão a superar ou ao menos aceitar com tranquilidade os doridos sofrimentos desses indesejáveis conflitos familiares.

* Roberto Corrêa é sócio do Instituto dos Advogados de São Paulo, da Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico, de Campinas, e de clubes cívicos e culturais, também de Campinas. Formou-se pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se aposentou como Procurador do Estado. É autor de alguns livros, entre eles "Caminhos da Paz", "Direito Poético", "Vencendo Obstáculos", "Subjugar a Violência”, Breve Catálogo de Cultura e Curiosidades, O Homem Só.

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